Não é uma despedida, ainda
Me desculpe, é que não dá mais.
Tem ficado cada vez mais difícil abrir os olhos. Viver um dia após o outro, ver tudo o que se luta definhar com exatidão... Eu não sabia como ou porque, mas precisava entender que, as vezes, o mundo te dá todas as cartas e você só precisar fazer uma boa leitura delas.
Quando eu conheço alguém, costumo perguntar: você acha que o mundo faz um som bonito quando se parte?
Quase sempre, a pessoa não entende e não sabe o que responder. Mas, uma vez, um rapaz que acabou se tornando meu amigo disse: depende do mundo. Todos temos um universo dentro de si, e esses mundos se partem todos os dias. O meu, definitivamente não faz um som bonito, ele terminou, por fim.
Meu mundo também se parte diariamente e é um processo doloroso. Acabei ganhando um ódio intrínseco por quem romantiza sofrimento. Odeio estar nessa situação, odeio sentir o que sinto e não há sequer uma partícula de beleza em tudo isso. Minha vida tem tantos tons de cinza que sinto falta de cores que antes eu repudiava, como rosa ou amarelo.
Odeio tanto viver que rezo pela morte e cada despertar tem sido apenas um anseio de não abrir os olhos, jamais. Sei que não há salvação nesses casos e que, em pouco tempo, talvez, eu me torne um perigo para mim mesma. Mas, cá estou, as 6 horas da manhã, digitando impaciente, com lágrimas nos olhos e um coração apertado, querendo apenas deixar de sentir o que estou sentindo.
Logo eu que tanto sonhava, terminar sem um vislumbre sequer de esperança. Talvez, esse seja o primeiro túmulo dos poetas. Sei que não vai haver um grande salvador, alguém que me tome pela mão e me mostre o caminho pra sair dessa, sei que a força tem que sair de mim, eu só não consigo mais lutar, por hoje.
Então, antes de ir, me deixa te perguntar uma coisa?
Você acha que o mundo faz um som bonito quando se parte?