O fim?

São as últimas horas do último dia de 2021. E obviamente, enquanto as pessoas se juntam para comer com seus familiares ou tomam algo a beira mar, eu acabei de receber a notícia de ter perdido a minha bisavó.

É estranho, porque não dói. Ela já era velhinha, sabe? Mais de cem anos: viveu! E como viveu! Mas, a morte dela antes da virada me fez pensar em você e nas coisas que eu tenho vivido desde que nos separamos. Eu sei, já ficou cansativo ler sempre as mesmas coisas: sinto sua falta, não quero voltar com você, mas faria de tudo pra voltar no tempo e viver aquilo de novo.

Repetitivo, mas necessário.

Eu nunca achei que fosse sentir algo assim por alguém e, embora muita gente ache que é apenas o meu ego ferido por você ter ido embora com outra, o fato de eu não conseguir deixar de te amar ao longo desses quase 6 anos me deixa pensativa. Eu pensei que vocês fossem se separar depois de tanto tempo, afinal, ela era tão novinha, ainda ia fazer faculdade, vocês moravam em cidades diferentes. Porém, não.... Você insistiu por ela e lutou por ela o que nunca fez por mim e, sinceramente, no fundo, eu até fico feliz por você.

Mas, é o último dia do ano e não posso deixar de pensar que estamos em lua minguante. Eu devia implorar para ela me livrar de tudo o que me machuca, me livrar dos sentimentos ruins, me livrar da dor que vem de mãos dadas com a sua memória... Porém, tenho medo. Não quero te perder. Não quero perder o pouco que me resta de você.

O cheiro do seu cabelo, seus pulsos finos, o sorriso de dentes separados e todo o resto... Eu já perdi tanto nesse tempo. Perdi o som da sua voz e a sensação do seu toque na minha pele, perdi o seu olhar e também a sua risada. Eu não quero perder mais, não posso. Então, vou pedir apenas, na virada, que a Lua Minguante guarde todas essas lembranças em uma caixinha para que, se algum dia você olhar pra trás, eu possa te mostrar todas as coisas que guardei.

Você é especial.

Eu espero que saiba.

Feliz ano novo.