O que o amor te ensinou?

E se a minha saudade pudesse ser descrita em palavras, um livro seria apenas o início de uma longa escrita, onde com toda certeza eu iria tentar incansavelmente transmitir como é viver com a companhia direta desse sentimento, mas eu sei que as palavras não são o suficiente, aliás não encontrei ainda nada neste mundo que substitua aquela presença ou a falta que ela ainda faz na minha existência, o aperto na alma já nem dói tanto assim, como muitos dizem por ai nós acostumamos com aquilo que nos fere, as lágrimas caem sem nenhum aviso prévio, simplesmente transborda toda vez que lembro de como meu dia era iluminado com aquele sorriso, e ao atender algumas ligações encontro algumas vozes parecida com aquela que acalmava meus dias e familiar sensação de impotência sempre volta, precisar de alguém e não ter forças para entrar de novo nessa guerra onde já sei quem vai sair com feridas impossíveis de se curar, as cicatrizes ainda estão aqui e mesmo perdendo aos poucos a cor elas machucam, já se passaram anos, mas estão tão doloridas como se fossem ontem.

Tem amores da vida que não são para a vida, essa é uma das frases atuais mais cheia de verdade que eu já ouvi, como explicar o fato de encontrar alguém que te completa perfeitamente, mas não permanece na sua vida? A conexão é ilimitada, o abraço tem o formato ideal com uma porção exata de segurança, a sensação do beijo é única, molhado e cheio de ternura, o olhar é penetrante e envolvente, um enxerga a alma do outro com os defeitos e qualidades, com todas as inseguranças e anseios, o sexo é o encaixe mais íntimo e prazeroso de todos, não são apenas os corpos suados em movimento, é paixão e intensidade em cada passada de mão, em cada toque tem um pouco desse amor que no fim não vai ser vivido, não adianta replantar nem regar, ele simplesmente não é pra nossa vida então não irá florescer, e o quanto isso pode ser injusto? Quem pode responder uma pergunta como essa? Alguém tem culpa ou é só o destino brincando de nos ferir? Conhecemos o grande amor, mas ele é tão grande que essa vida não comporta e somos obrigados a ver ele indo embora, sem beijo de despedida, sem adeus, sem um último abraço, ele apenas se vai e deixa um buraco no lugar do coração, e de fato entendemos que o fundo do poço realmente é o lugar mais frio e cinzento dessa vida cheia de surpresas desagradáveis.

O início da solidão é assustador, entramos em desespero ao saber que ao redor não iremos encontrar ninguém, sentir falta de um abraço na hora em que você entende que não verá novamente aquele olhar, ter a consciência que todos os planos e projetos deverão ser esquecidos, nunca mais aquela ligação cheia de novidades e aquele tom de voz carregado de saudades, viver sozinha a experiência de enterrar um amor que foi planejado para ser vivido é uma das sensações mais devastadoras que esse ciclo chamado vida nos proporciona. Entender que aquela dor não tem para onde ir, lágrimas e mais lágrimas tentam amenizar a angústia da alma, isso é viver de fato na solidão que outrora nos dava medo, mas que agora com o passar do tempo entendemos que na verdade é aqui onde podemos nos conhecer de verdade, em meio as lágrimas é onde descobrimos o quão forte podemos ser, e que mesmo em meio a escuridão criamos forças para iniciar um novo dia com esperanças renovadas e prontos para os novos desafios.

Claro que isso não significa que vamos esquecer o grande amor, na verdade na minha singela opinião não é possível esquecer quem se amou de verdade, no máximo com o tempo nos escondemos ele dentro de nós, mais que de tempos em tempos vamos lá só para revivê-lo novamente em nossa memória. Sempre iremos nos lembrar desse amor de uma forma carinhosa e os pensamentos de como será que estaríamos hoje se estivéssemos juntos é inevitável. Enfim não importa o quanto sofreu, o quanto ainda dói ou a quantidade de lágrimas que esse amor fez você derramar, apenas lembre-se que houve momentos maravilhosos que nenhum canto escuro do seu coração poderá fazer você esquecer, foi bom enquanto durou e tudo o que esse amor te ensinou.

Lais Andrades
Enviado por Lais Andrades em 09/04/2022
Reeditado em 26/04/2022
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