Desabafo

Ele se esforçou ao máximo, em todos os dias dos encontros. Carregou todos os compromissos nas costas, para chegar, no último dia, e ouvir alguém dizer que produziu algo. Nada mais que uma perda de tempo. Será que ele mereceu ver as pessoas à sua volta se tornando cada vez melhores? Aí ele procura um ombro para chorar. Quanta gente! Poucos amigos. Desiste. Toma banho e chora no chuveiro, a privacidade de sua mente. E ainda tem que disfarçar. Vai durar por quanto tempo? Estava tudo indo tão bem... Por quê tem que ser assim? Ele viu o seu sonho ser realizado por outros. Ele foi excluído dos seus próprios sonhos. Do seu maior sonho. O que os outros vêem? Como ele é feliz! Por quê ninguém consegue vê-lo por dentro? Por dentro. Ele chora, e parece que não tem fim. E é em meio às suas lágrimas que aparecem... Não, não aparece nada. Ele se tornou um poeta, um escritor, um cantor, um jogador, um fracasso, um nada. E um nada se sentirá enquanto lhe deixarem em silêncio, enquanto não sentarem ao seu lado, enquanto não o ajudarem, enquanto não for ouvido. Agora ele está deitando, escrevendo, pensando, sofrendo, sonhando, morrendo.