À LOU SALOMÉ

Rio de janeiro, 16 de dezembro de 2007.

Amada Lou Salomé,

Eu poderia ter lhe dito tantas coisas antes e quantas respostas não teria recebido bem no plano do otimismo, negativismo, relativismo? Sou alguém, agindo sempre torpemente a espera de respostas, cujas talvez eu nunca tenha! Peço perdão se é contigo que sonho desde agosto, sempre nos desígnios do amor - e muita liberdade, correndo entre os canteiros e campos de framboesas, onde compromissos e contratos são rituais de uma humanidade demagoga e careta.

Todavia, louco como sou, busco refutações suas sem ao menos indagá-la! Não, não se sinta incomodada! Um grande beijo, amiga Rainha-Mor dos jovens, imaculada Lou Salomé - alvura da psicanálise, espertando crenças neste humilde anti-pensador e os sentimentos mais generosos que, há séculos, milênios de guerras e lutas, deles sequer ouve dizer. Sobretudo, respostas também não ouço!

Eu desejaria ouvir suas réplicas às minhas palavras. Mas se não quiser mencionar esta carta, tudo bem! Nada vai mudar e permanecerei lhe amando, bem como desejar.

Lou, eu a observava e jamais encontrava em sua altivez, à menina dez anos mais nova. Flagrava uma mulher cheia leituras universais, tão sólidas e acredite: me ensinou!

Derradeiramente, fico feliz ao saber, Salomé, tê-la envaidecido com minhas revelações! Sou homem - homem demasiado sensível, mas sou homem e digo: apaixonar-se por você é como respirar, sorrir, chorar, nascer. Há fenômenos que só a natureza e os nossos instintos explicam (no mais magnânimo sentido da palavra!)

Logo você, ilusão erudita messiânica, ainda não traja à dimensão de seu poder de sedução: capaz de despertar os sentimentos mais transcendentes neste universo desumano. Eu vim aqui, de coração, cingido à sua surpresa e força, moça!

Aliás, devo agora procurar alguns novos dicionários, porque todos os meus vocábulos se esgotaram de adjetivos, palavras, predicados,.. Ou criarei neologismos só para enaltecê-la?! Daqui a alguns instantes, resolvo essa incerteza. Por hora, mais me importa à sua adoração viva, inocente, pungente como uma criança hiperativa, correndo dentro e fora de mim, saltando em sua direção discente!

RODRIGO PINTO
Enviado por RODRIGO PINTO em 16/12/2007
Reeditado em 17/12/2007
Código do texto: T780290