Versos da nossa realidade

Nesta carta que me entregas com fervor,

Vejo a luta que trazes sem temor.

Em rimas, descreves a realidade crua,

Antes que seja tarde, mostras a rua.

Luiz, o guri, conheço bem a história,

Vida atrás de salário, busca e glória.

Oitenta e oito anos, aposentado,

Sonhos guardados, nunca realizados.

Alienação, termo que ecoa em tua voz,

Pessoas sem noção, fazendo sua voz.

Caminhos traçados pela elite fria,

Mas na vida, vence quem mais confia.

E tu, que carregas esta visão,

Estudo árduo, esforço e diversão.

Futuro do Brasil, ergue a persistência,

És a esperança, a grande resistência.

A moral que brota do gueto é forte,

Será que o prefeito reconhece sua sorte?

No hospital, a morte cobra um jovem sonhador,

Culpa da corrupção, um triste fado de dor.

A criança que sonhava em ser policial,

Bandido ou polícia, já se perguntou quem é o real mal?

Por que maltratar? Pergunto ao prefeito,

O ódio cessa quando o amor for perfeito.

Nada ganhas batendo em quem te ama,

Palavras, não punhos, fazem a trama.

Sozinho, o peso da solidão a te sufocar,

Mas a felicidade pode contigo caminhar.

A violência nunca será solução,

Desabafa, encontra a resolução.

Não me vejas como um inimigo, irmão,

Compartilhemos a busca pela paz com o coração.

A vida, tesouros, riquezas com um par,

Orgulha a coroa quem te ensinou a amar.

Orgulhosa por ter te educado,

Esperto o suficiente para não ficar calado.

Como artista, posso falar,

Escrever rimas, ótimo começo para amar,

Poesia não é saber palavras abstrusas,

Exteriorizar afeições intrincadas.

O pixo, arte na rua, desvalorizada,

Justiça se torna caça,

Expressar indignação, crime agora é dito?

Estuda, persiste, enfrenta o conflito.

Em teus fones, palavras da realidade,

Melodia que te guia com destreza e bondade.

Problemas, desafios, todos superáveis,

Força e coragem, encontro inabalável.

O símbolo da paz, a pomba furada por suas balas,

Leito de esperança em meio a escalas.

Voltar no tempo, evitar tanta dor,

Vítimas da insegurança, clamor por amor.

Mas vocês não se importam né,

Aqui é cria da favela,

Mas não ando portando arma na fivela,

Vocês podem até estar em cima, mas um dia vocês ramela.

Ameba melancólica
Enviado por Ameba melancólica em 16/12/2023
Código do texto: T7955023
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.