Carta de um mal-amado

Para o meu amigo mais sofredor e para todos os que sofreram por um desamor...

Como vai? Ainda sofrendo por aquele amor, sim, aquele que todos sabem não valem a sua dor? Relaxe, estou sem moral para julgar, sei que também está preocupado comigo, todos os meus queridos amigos estão, recebo mensagens dizendo: “não se mate” e lembro do Drummond que sem me conhecer conselho já me aconselhava ao escrever: “não se mate, Carlos, sossegue, o amor é isso que você está vendo: hoje beija, amanhã não beija, depois de amanhã é domingo...”, eu sou Carlos, como você e tantos outros que foram e serão e deixaram de ser, mas é verdade que por vezes, eu mesmo me angustio com minha situação.

Devo me desculpar com você, e com os outros, minhas mais sinceras desculpas, sim, desculpa por todas às vezes que não entendi sua dor, a dor por alguém que não merecia seu sofrimento, não me era compreensivo, não me era entendível, pois não tinha sentido o maldito sofrimento do amor, do desamor. Ahh, como eu queria ser ignorante e feliz, quando nada sabia dessa dor, hoje não sou, hoje vivo a desgraça de não ser amado pela mulher que queria estar casada, pior, de ser intoxicado por alguém que só entreguei ar.

A verdade? Até ontem estava lhe enviando mensagens, e hoje? Hoje eu desisti, foi como desistir de mim. Sabe, perguntei-me mesmo se estava depressivo, bom, eu espero que não, mesmo assim, passei o dia dormindo e a noite acordado. Escrevo agora, nessa madrugada de uma noite fria, que meu corpo reage aos meus sentimentos, eu faleço por dentro.

Não posso acreditar que isso seja amor, não posso pensar que o amor cause essa dor, mas com minha linguagem afetada e meu pensamento fraco não consigo achar a palavra certa, por isso chamo de desamor, pois é a privação do amor que eu vivo.

Relaxe, o amor não vai me matar, ele é sádico e seguirá a me torturar.

Com carinho, mais um mal-amado.