Uma história que se repete é uma lição do passado não aprendida

Ela surgiu em 2009, nos conectamos de imediato e cultivamos uma história sem contato físico por alguns meses e naquele mesmo ano ela desapareceu sem dar sinais.

Me atendeu em duas vezes que eu liguei e na terceira foi por causa de um e-mail que eu enviei e alguém que se disse namorado respondeu.

Depois de algum tempo, 2010 ou 2011, não me recordo, recebi outro um e-mail dizendo que ela tinha sofrido um mal súbito no trabalho e que estava se recuperando há algum tempo, mas falaria comigo e havia um número de telefone.

Liguei e conversamos por uns 30 minutos. Ela contou sobre o estado emocional e que havia se mudado de cidade.

Sua estória de se afastar foi por acreditar que a distância nos impediria de qualquer atitude e que nenhum de nós deixaria sua cidade atual. Julgar e decidir de forma unilateral foi a ação dela.

Era 2020 e eu não imaginava que ela voltaria depois de mais de 10 anos.

Estava lá a mensagem no facebook que dizia mais ou menos assim: Oi Regis, sou eu Márcia, lembra-se de mim? Meu telefone é ..................

Respondi a mensagem e adicionei o número em meu celular. Logo começamos a conversar.

Ela me contou alguns detalhes de sua história incluindo a enfermidade que lhe causou perda de memória de boa parte de seu passado e que também a impedia de manter as lembranças do presente em muitas situações.

Passamos a conversar e a intenção dela era de não mais deixar de falar comigo, não queria me perder de novo.

Estranho isso porque eu sempre estive aqui, com o mesmo número de telefone que iniciamos nossas conversas em 2009.

Ela, lá em 2009 estava pressionada pelo ex-marido, pai de seu primeiro filho, a quem ela não sentia nada e de certa forma, a maltratava.

Já em 2020, apesar da sua falta de tempo e liberdade, nossas conversas começaram de uma forma que eu mostrasse um pouco daquele nosso passado e ela pudesse entender o que acontecia entre nós, em nossas conversas por telefone ou mensagens de e-mail.

Para ela nada estava na memória embora tudo era encantador e a nossa energia a impressionava.

Falamos de nossos sonhos do passado, de nos encontrar e poder viver um pouco aquele desejo de home e mulher.

Dar a nós amor e prazer.

Aos poucos parei com esse flashback respeitando a condição de memória dela.

Não seria justo continuar com essas lembranças que poderiam criar novas expectativas.

Nossas conversas aos poucos foram dando o caminho que ela seguiu e ai eu percebi o quão carente ela era.

Suas decisões no passado a levaram a caminhos que eu acredito que só foram seguidos por medo e carência afetiva.

Eu ouvi que ela voltou a viver com o ex-marido que voltou a deixá-la quando da segunda gravidez.

E durante a gravidez ela foi assediada por alguém.

Um homem com mais de 20 anos em relação a sua idade, que a visitava em seu local de trabalho e se dizia interessado nela e não se importava que ela estava grávida.

Senti a realidade de sua carência afetiva e o medo de ficar só com dois filhos.

Justifica uma atitude assim? Se entregar a alguém sem de fato amar?

A nova vida também não a confortava, não a conforta. Uma miragem apenas.

Um homem que tem o instinto de mantê-la por perto usando o poder financeiro após as ofensas.

Porque escolher um caminho assim?

Será que isso a fez me procurar?

Fui percebendo esse comportamento e também que periodicamente ela tinha alguma enfermidade.

Eu estava aqui como sempre disse que estaria.

Novamente, aos poucos, senti o seu distanciamento sem aviso.

As mensagens sempre partiam de mim e aos poucos começaram a ficar sem resposta.

Um sinal repetindo-se após três anos de retomada de conversas.

Uma luz piscava dentro de mim. Pensei em bloquear, mas optei por não enviar mais mensagens.

Passei a ser recíproco a quem era prioridade.

Em meu pensamento veio uma frase que sempre esteve presente: Se uma história se repete é porque alguma lição do passado você não aprendeu.

Sim, foi igual 2009 e eu, dessa vez, estava com os pés no chão, apesar de ainda sentir o mesmo desejo daquela época.

Eu via em Márcia a namorada que nasceu em minha mente ainda em minha adolescência.

Estranho talvez, mas é assim até hoje. Não consegui encontrar em outra pessoa essa imagem.

Márcia novamente desapareceu sem avisar. Apenas me bloqueou em seu celular ou mudou o seu número.

Eu não esperava esse comportamento mesmo entendendo a mulher que nunca deixou de ser imediatista.

Não sei dizer se o seu retorno foi apenas uma forma de ela se sentir abraçada por alguém que jamais a deixaria sentir frio ou se foi mais uma forma de cometer o erro de magoar quem a protegia de si mesma.

Ela talvez nunca vai entender a si própria e não conseguirá ver que as atitudes tomadas em relação a nós demonstram a sua fragilidade, e que essa fragilidade se associou ao desrespeito a um amigo e outra cicatriz em uma alma ligada por sensibilidade.

Márcia partiu e novamente por opção e sem ao menos avisar ou dizer adeus ou obrigado.

Que seja feliz e encontre o equilíbrio.

Márcia está aqui em várias publicações (Você, Amor de um só, Apaga a luz, Poesia entre amores etc.) e nunca lerá esse texto e não saberá através dele que ela partiu definitivamente de mim.

Ela não terá, por opção dela, a minha atenção, que por sua atitude infeliz, foi renegada e desrespeitada.

Então é assim que podemos dizer: "nunca implore por atenção", ou, "se alguém te ignora, nunca mais o perturbe", ou "as pessoas veem em você utilidade", ou "prioridade a quem te prioriza, aos demais, reciprocidade".

Deixarei o tempo me levar para frente mesmo com a mente presa no passado.

Não no passado com Márcia que foi apenas virtual e imaginário, mas no passado adolescente que criou uma imagem nunca encontrada de fato.

R J Galeni
Enviado por R J Galeni em 15/02/2024
Reeditado em 10/03/2024
Código do texto: T7999590
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