A cada 60 palavras escritas percebe-se que você ainda pensa em mim

Nos últimos 18 meses, enquanto estive detido a mando da Justiça, andei lendo uns 70 poemas seus e, desculpe a franqueza, não gostei de nenhum. Tem muito eu eu eu que é motivo de risos. Que ingenuidade. Não sabe sair do seu corpo? É só você o foco de tudo? Da sua bolha? My God!

Depois encontrei algumas crônicas e, desculpe a franqueza (de novo), você não sabe escrever crônica. Em uma delas citou nove vezes “vai que” e oito “sabendo que”. My God de novo (Ele perdoa). Foi de arrepiar meus raros fios de cabelos que a Justiça divina conservou até provar minha inocência.

Ao final das leituras (leituras ou delírios?) percebi que a cada 60 palavras têm uma endereçada a mim. E nem será necessário pesquisar para sair da dúvida... Está mais claro que a luz de um dia ensolarado. A cada dois minutos estou, de alguma forma, em seus pensamentos.

Sexta-feira à noite vou tomar um whisky naquele bar que você conhece. Vou ocupar aquela mesa que você bem sabe qual é. Sem companhia. Portanto, haverá a meu pedido, uma cadeira disponível. Apareça!

Mas não pense que com 60 palavras irá conseguir justificar o porquê de não ter ido testemunhar a meu favor. Em seis palavras entenderei. Ou seus olhos revelarão. Então vou lhe sugerir como sair dessa bolha de sonhos e viver em outro mundo. Como outrora. E perdoada.