Carta aberta sobre (e para) o amor

Dizem que amar é correr riscos.

Não sou boa com isso. Gosto de certezas, de definições, gosto de tudo que seja concreto.

Basicamente parece que não gosto de amar. E sinceramente, odeio.

Odeio a sensação de querer alguém perto de mim o tempo todo. Odeio a idiotice de achar os defeitos suportáveis. Odeio ser refém desse sentimento que escraviza meus pensamentos para ele.

Acreditem, eu por mim, nunca mais amaria ninguém.

Sabe aquela sensação de coração limpo? Quando a gente não está nem amando e nem sofrendo por amor? É isso que eu amo.

Mas a vida me fez amar. E tem me ensinado duras lições sobre o amor.

A primeira lição é correr riscos, como já apresentado. Eis a razão dessa carta, correndo o risco de ser rejeitada em um nível bem mais dolorido.

A segunda lição é péssima de se aprender.

É difícil amar quem não merece você, quem não tem coragem de admitir a possibilidade. Antes que me digam, eu sei, ACREDITEM, eu bem sei que quando um homem quer uma coisa, ele quer e pronto.

Porém, assim como eu resolvo funções exponenciais e logaritmos mais facilmente que uma regra de três, eu fui amar justo um homem estilo logaritmo. Para quem não entende muito de matemática, o negócio para resolver o log é igualar as bases, o problema que meu homem logaritmo não tem bases para igualar.

Ele é maravilhoso, eu juro. Mas pensem numa criatura complicada. Já que estou sendo totalmente sincera com vocês, vou dizer com todas as palavras a minha análise, até em pontos.

1. Ele é MUITO orgulhoso;

2. Ele não corre nenhum risco. Ele morre de medo da vida. Morre de medo das coisas não darem certo. Não se arrisca;

3. Ele tem problema com tudo que é alcançável. Se você apresentar o impossível esse será o alvo dele. Por qual razão? Volte o ponto dois. É mais fácil se envolver em uma história que não há chance do que ter a coragem de viver algo que possa dar errado;

4. Ele é chato;

5. Gravíssimos problemas de autoestima, as vezes eu acho que ele pensa que eu sou de mais para ele, embora essa seja só uma teoria, afinal, já ouvi isso de tantos. Parece que meu cérebro assusta os homens e eu sou bonitinha, tá? Me dou um 6/10;

6. Ele acha que não merece ser amado de verdade. Uma crença que faz com que ele ache que ninguém vai ficar de verdade. Que ele não merece e não é digno de amor, que na verdade é apenas um empecilho na vida dos outros.

Entenderam que é um homem complicado?

Enquanto escrevo, eu lembro de umas vezes em que me magoou duramente. Penso, PARA QUE ESCREVER ISSO? Terceira lição amigos, amar também é perdoar. Eu devo ter magoado ele também.

Essa semana, eu tomei um susto, percebi que não estava mais apaixonada por ele. Eu nem sabia que ainda estava apaixonada, só percebi essa semana. E foi um susto. Explico.

O normal é um casal se apaixonar, ficar junto, a paixão ir passando, e se tornando o amor perene. Ocorre que não vivi o processo, ficou aqui só o amor, que apesar de minhas suspeitas, pode não ser tão recíproco assim, mas ficou.

Aconteceram diversas coisas na minha vida que me fizeram refletir sobre a vida e tudo mais, dentre elas, que agora as bases estão iguais. No estágio que aparente estamos de sentimentos, superado a paixão, mas conscientes que um ama e respeita o outro para além de romantismo barato, é uma base igual. Dá para começar a resolver o log.

Eu acho que ele sabe resolver log, mas será que vai querer resolver esse comigo?

Um recomeço real? Quem sabe?

Eu não gosto de correr riscos. Mas queria ter tido a possibilidade de tentar. Eu nunca vou saber como poderia ter sido. Não sei por que insisto nesta história, deve ser carma. E vamos esclarecer, não parei com minha vida, só que os caras são babacas, e nenhum beijo consegue despertar o que eu senti quando o beijei pela primeira vez.

Sabe o pior disso? Que ele pode estar tendo um lance com outra e eu nem sabendo. Porém, foco na saga das lições do amor e da noção né.

Sabe o pior de tudo isso? Ele é meu amigo. E eu adoro a risada daquele infeliz. Ao passo que odeio a sensação de segurança quando estou com ele, como se só ele pudesse me atingir.

Sim, isto parece mais aquele filme 10 coisas que odeio em você. O problema é de vocês, eu adoro esse filme e eu amo Shakespeare, sou uma garota dos clássicos. Sou o tipo de garota que tem uma lista de músicas num aplicativo com a inicial dele. Sou do tipo trouxa? Sim.

Sim, não me parece uma abordagem muito tradicional para resolver problemas: abrir coração, expor defeitos, falar a verdade por texto ao invés de pessoalmente. Mas quem sabe? Quem pode saber?

Talvez essa carta seja uma chance de resolver minha vida amorosa. Mesmo sendo um tiro no pé. Pense: ou ele se achega a mim ou some de vez (opção também válida para mim). E ainda afasta os outros caras, quem é o doido que se meteria numa história dessa? Como eu disse, resolver.

As vezes resolver pode ser conseguir o que se quer, pode ser não conseguir o que quer, mas sempre significa encerrar ciclos e superação. Resolver é sempre sinônimo de superar, a gente que esquece.

Mas amar é correr riscos. E hoje eu estou correndo mais um.

Para ser sincera mais uma vez, meu eu racional considera essa exposição mais uma humilhação pública, por um cara que se recusa admitir que ama e que me quer por perto pelo simples fato de achar que não merece ser amado.

Nunca me expus tanto na vida. Abri as cartas e pus na mesa. Nada resta na manga.

Eu estava sentindo medo de umas questões pessoais, mas agora eu estou com muito mais medo da publicação. Sabe aquele cachorro que espera a paulada? Nesse caso o profundo silêncio e frieza dele.

Calma gente, acreditem isso não é nada tóxico,

Reitero que ele é uma das pessoas mais incríveis que já conheci. Eu o admiro profundamente por tudo que ele é, fez, faz e fará. É uma das mais importantes em minha vida.

Não ter alguém assim perto é difícil. É um luto, desde um artigo científico para enviar ou um meme em redes sociais, e você não pode. Vira um luto. E eu sinto essa falta dele do dia a dia como nas palavras de Harry Potter e a câmara secreta, a saudade dele é como: “uma dor de barriga permanente”.

Eu não sou presunçosa, tenho até uma autoestima não muito alta como qualquer leitor disto deve ter percebido, mas eu posso assegurar que eu sei fazer esse cara feliz. Eu o fiz feliz.

A verdade e a lição mais dura de aceitar é precisamos do amor. E no nosso caso, ambos precisam um do outro. Ele diz que o óbvio precisa ser dito, então estou dizendo, e bem claro: ele e eu precisamos um do outro. Gente, acreditem, só pode ser praga, carma, não sei, sei que precisamos ficar perto e não sabemos ficar longe. Algum espírita para explicar se essa teoria serve?

Para encerrar essa longa carta, encerro dizendo que a pessoa a quem esse texto foi dirigido sabe exatamente quem eu sou, onde pode me encontrar. Sabe que se quiser ouvir a lista de reprodução mencionada pode falar comigo.

Façam suas apostas. Conto o resultado numas semanas.

The saint
Enviado por The saint em 14/04/2024
Código do texto: T8041834
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