Cartas Perdidas de Ocelot I - 1

Querida Dulcélia,

Lhe escrevo esta carta com dores de saudade em meu coração. Os dias tem se tornado cada vez mais frios sem a sua presença para me acalentar. Até pouco tempo, ainda podia sentir seu cheiro em nossos lençóis, agora apenas me restam as lembranças.

No entanto, não me arrependo de tê-la enviado para longe nesse período de carnificina em nossas terras. Não sei o que faria se algo acontecesse com você ou com nosso filho em seu ventre. Além disso, não lhe faria bem ver nossos pastos manchados com o carmesim da guerra.

Os homens de Yamshur marcharam mais uma vez contra Cafarnaum, por sorte a batalha não se deu por aqui, mas ainda assim conseguimos ouvir os gritos e clangores de espadas. Os passos dos exércitos sempre fazem o chão tremer, assustando as mulheres e crianças. Acredito que terei de enviá-las para longe disso tudo também em breve, ainda mais agora que Omdoria II emitiu um decreto proibindo os habitantes de abrigar qualquer estrangeiro, por qualquer motivo que seja. Não demorará muito para que também proíbam-nos de sair. Mas não se preocupe, farei o possível para que não sejamos percebidos em casa.

Às vezes me recordo de nossas caminhadas no bosque perto da montanha, sinto falta daquela paz, achava que jamais alguém seria capaz de tirá-la de nós. Eu não sei por quanto tempo mais essa guerra durará, mas sei que ela não tem nada a ver conosco e pretendo que as coisas continuem assim.

Com muitas saudades,

Seu amado, Ormano.

M Henrique
Enviado por M Henrique em 16/04/2024
Código do texto: T8043013
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