Buenas. Con permiso

Sinceramente quero expressar que prefiro o diálogo à discussão. O diálogo é mais ameno e cordial, e mais tolerável pelos participantes. Acredito que seja uma forma de abordar mais assuntos com diferentes pontos de vista sem tocar na vaidade que habita na discussão (é o caso de alguns, não o de todos).

Esclarecendo, a gente se entende. Perfeito. Concordo, plenamente, que muitos, que detêm um bom poder de aquisição (dinheiro e tempo), não participam. Mas, fazer o quê? Não podemos obrigá-los a isto. Criticá-los? Culpá-los? Não vejo nisto uma saída. Posso estar enganado, mas acredito, que somos nós quem devamos conquistá-los. Talvez requeira mais de nós. Provavelmente, eles precisem daquele famoso “empurrãozinho”. Sem dúvida alguma, vamos ter que forçar o destino, para tirá-los desse marasmo cultural, no qual, se encontram adormecidos.

Referente a esses que mudam radicalmente, não te parece bom que esses “fundilhudos de camiseta preta” (gostei muito desta expressão) acordem da ressaca e mudem radicalmente? Acredito que seja muito bom. Explico: mesmo com idéias aquivocadas, eles estão tendo um início. Isso é muito importante! Será mais fácil, pra eles encontrarem o rumo, sós ou com ajuda. Falo isto, porque, embora, eu seja de Itaqui, cresci e morei muitos anos em Buenos Aires. Sofri o jugo de governos militares, malditos tiranos, que nos inundavam com uma mídia enlatada, recheada de lixo americano e europeu. Nas rádios, só se ouviam porcarias (Village People, Bee Gees, Olivia Newton-John e por aí se vai), na TV, nem se fala. Na época, éramos um bando de ignorantes. Anos mais tarde, Piero cantou:

“Estudiar era un pecado

Clandestino era saber

Porque cuando el pueblo sabe

No lo engaña un brigadier”

Por aqueles tempos, não tinha a menor noção do que era a tradição. Escutava chamame porque meu pai é correntino. Conheci mais folklore, porque este sempre foi um canto popular, apesar de muitas perseguições, mortes e exílios, sempre tinha alguém com um vinil ou um K7 pra rodar naqueles gigantescos combinados de madeira (por sorte e através de muito trabalho, do pai e da mãe, nós, também tínhamos um desses).

Tenho um tio, que na época, era louco e peronista “a dá com pau” (pra quem não sabe, peronista é o simpatizante de Juan Domingo Perón, que foi um general do exército, oligarca e demagogo, que causo um atraso cultural na Argentina, tanto ou mais, que o nosso coronel latifundiário Getúlio Vargas. Por incrível que pareça, os dois, eram fascistas e admiravam o tão “singular” Benito Mussolini).

Voltando ao meu tio (o louco). Ele morava com a minha avó, a algumas quadras da minha casa, sempre que ele estava de folga, passava o dia fumando, tomando “ginebra” (bebida que contém álcool, muito forte) e ouvindo um tal de José Larralde, vez que outra lacrimejava. Coitada da minha avó, não entendia nada. Eu, cria da mídia, muito menos. De tanto escutar Larralde, aprendeu a recitar alguns versos, ia pra minha casa tomar mate, e... dê-lhe Larralde. O tempo foi passando e ... –“ tio, me empresta os discos do Larralde”.

A tudo isto, somou-se, o retorno pra cidade de Alvear (interior da província de Corrientes e fronteira com a cidade de Itaqui, Rio Grande do Sul).

Fiz este relato, porque me pareceu necessário. Quero mostrar e demonstrar, como uma transformação pode ser boa. Posto que eu, se bem, nunca fui um “fundilhudo de camisa negra” (continuo gostando da expressão), pra época, fui alguma coisa parecida com isso.

Acredito que a aculturação tenha que ter um início. Embora, essas transformações radicais, não sejam as ideais, são melhores do que não acontecer nada. Logo, o tempo dirá.

Tchê...

...escrevi muito.

Mil desculpas! Perdão!

Um abraço a todos