De Gaúcho e de História

Li, mais uma vez, todo este tópico e me deparei com a seguinte conclusão (acredito que seja isto): é como se estivéssemos dentro de um jogo e desconhecêssemos todas as regras. Necessitamos de parâmetros para estabelecer nexos de comparação, um referencial. Só assim, talvez, possamos alcançar algum entendimento, posto que cada um está opinando de acordo com aquilo que acredita ser a cultura das tradições da nossa “HISTÓRIA”, e não com o que está publicado em muitos livros de pesquisa, feitos por muitos pesquisadores da área. A história é uma ciência que estuda muitos aspectos da civilização de um povo: livros, cartas, roupas, moradias, documentos, etc. , porém ela é uma só, foi gerada através de muitos estudos e não infundadamente.

Sei que esta é uma comunidade muito séria (parabéns aos seus criadores e moderadores; parabéns, mesmo) e também sei que todos nós aqui também o somos (ponho fé e acredito). Creio que não seja possível que os participantes deste tópico, estejam atirando pareceres na base do “achômetro”, sem bases históricas e muito menos sem uma sustentação bibliográfica. Estamos na internet, meus amigos. E só pesquisar e ler. Ler muito, mesmo.

Peço desculpas a todos se pareço petulante, mas me parece que assim como está, não chegaremos a um mediano entendimento. Estou intentando ajudar para poder ser ajudado. Os post são muito bons como ferramentas instigadoras de reflexão. Quanto melhores e mais procedentes forem os texto, melhor será a reflexão.

Comprovo também, que existe a imperiosa necessidade de que estabeleçamos o momento cronológico na história, do aparecimento do GAUCHO (gaúcho) no Pampa. A partir daí, então, poderemos formular suas vestes e, principalmente, seus usos e costumes.

Recomendo aos amigos, duas obras muito boas, das tantas que existem: “A ideologia do Gauchismo”, do conhecidíssimo Tau Golin e “El Gaucho”, do destacado historiador uruguaio Fernando O. Assunção (pra mim, uma das melhores obras, se não a melhor, referente ao assunto Gaucho, ou Gaúcho, como prefiram).

Numa biblioteca pública, li, anos atrás, um livro do Humberto Zanatta, que tratava sobre este assunto. Esta semana retornei à biblioteca para lê-lo novamente e, desafortunadamente, não se encontrava mais. Alguém o levou e não o devolveu (foi o que me disseram. Que lástima!!!). Não recordo o título do livro. Se alguém souber, por favor, ponha o nome do livro neste tópico. Ele é muito bom.

O Gaúcho foi um ser que fez parte da nossa história, com suas virtudes e defeitos (foram muitos meus amigos; ir ao “chinaredo” foi o de menos). Não entendo porque razão, não possa retratar-se isto. Temos que ser coerentes com os nossos argumentos; se criticamos o MTG e os CTG’s, por atuarem de uma forma seletiva, restritiva e conveniente com a história, como é possível que queiramos fazer a mesma coisa? A História é uma só, volto a dizer. Será que teremos que entrar no ramo da hipocrisia e negar parte do nosso passado para parecer, a todos, lindos,bonitos e sonhadores? Cantar e contar que o Gaúcho era um homem bom e trabalhador, que aos domingos ia visitar a sua prenda, que laçava e domava, comia churrasco e tomava mate pela simples arrogância e pretensão de querer mostrar a nossa imagem como a melhor da história? Para quê? Para que digam: - “baaaaa, o Gaúcho é o cara”. Talvez eles pensem de forma diferente. Eu pensaria. “Quando a esmola é demais, até o santo desconfia”, já reza o velho ditado.

O Gaúcho viveu num tempo difícil, rude e bravio, um lugar onde não havia lugar para fracos. Viveu e cresceu do jeito que podê e sabia. Num tempo, de ignorância, onde existiam muitas leis e muitos pesos, e o imperativo era sobreviver, Ele também tinha as suas. Qual é o motivo que gera a razão de querer esconder todas estas verdades? Alguém acredita que a história de qualquer povo do mundo seja feita só de rosas? Claro que não! Existem muitos e muitos espinhos. Sejamos verdadeiros, sejamos autênticos, sejamos gaúchos de fato, honremos e cantemos a nossa história, assumamos, ela, por inteiro e não somente a porção que nos é conveniente. É necessário que isto seja o nosso orgulho, não a nossa vergonha.

Gosto muito de estar com todos vocês!!!

Um abraço bem forte a todos. Daqueles de urso.