CARTA AOS MÚSICOS

Escrevo aos músicos e a todos aqueles que tem o dever de dar as pessoas aquilo que o mundo não pode oferecer: O Evangelho, verdadeiro testamento de amor de Deus para nós.

1. No Principio - bereshit (heb.).

Deus criou todas as coisas, e viu que tudo era muito bom (Gn 1, 1-31).

Observando o texto bíblico podemos notar que Deus não criou o som, por quê?

É simples, o som faz parte da vida, em todas as suas criaturas Deus colocou vida ou pelo menos a perfeita existência. As criaturas têm forma e essência seja essa essência vida ou elementos naturais que as compõem, por exemplo, não há vida nas pedras, na terra ou na água, mas é possível ouvir os sons emitidos pelo balanço das águas, ou de pedras rolando, ou mesmo de montes de terra sendo movimentadas, isso tudo por que a própria existência dada por Deus já lhes concede a capacidade sonora. Reflitamos então sobre a capacidade sonora que Deus concedeu aos seres vivos, obviamente a sonoridade das plantas e outros vegetais necessitam assim como os seres essenciais (brutos) de fatores externos para produzir sons, mas os animais, insetos (mesmo que inaudíveis a nós homens) e o próprio homem têm vida, e Deus nos deu o que podemos chamar de DNA sonoro, ou seja, a nossa vida e existência é pura música. Deus nos criou para sermos juntos uma única canção, para que nossos sons se misturem e se harmonizem ao ponto de sermos uma só melodia, uma verdadeira orquestra regida pelo maior de todos os maestros, o próprio Deus, compositor da vida e do mundo.

Se Deus concede a nós a sonoridade e mais ainda a capacidade de conduzi-lá conforme desejamos e sentimos prazer, por que as melodias se desencontram e não se misturam, por que se tornam sons indesejáveis e irritantes? A resposta a esta pergunta é uma nova pergunta: Quem está regendo a sua orquestra (vida)? Quem é o grande maestro da orquestra da sua vida e da vida dos seus... (família, amigos, trabalho, escola, etc.)?

Desde pequenos somos embalados pelos sons, sejam os sons internos no ventre materno, sejam os primeiros sons que ouvimos ao nascer, mas a sonoridade é um elemento vital a todos nós. Falo do som, por que a música nada mais é do que a harmonia do som, e como a harmonia do som se confunde com os encontros e desencontros da nossa vida, podemos dizer que quando estamos bem nossa vida está afinada e do contrario nossa vida desafina, desarmoniza. Deus o grande maestro quer harmonizar novamente nossas vidas, quer nos afinar e para isso conta com nossa sonoridade, afinal fazemos parte da grande orquestra de Deus, onde cada um de nós tem a missão de contribuir para a harmonização dos sons e voltarmos definitivamente a ser uma só canção, afinal foi pra isso que fomos criados.

Existem sons que perturbam nossos ouvidos e interrompe os sons agradáveis a nós, a eles damos o nome de ruídos. Nossa vida, nossa história é música, mas existem ruídos que atrapalham nossa música, impedindo que ela seja perfeita como foi criada pra ser, ou seja, o que era pra ser uma bela melodia torna-se uma mistura desagradável de sons (ruídos) que nos perseguem. Nessa hora só mesmo alguém com ouvidos bem afinados pode harmonizar nossa vida novamente, Deus.

Toda esta reflexão tem um motivo, e vamos buscar com o Espírito Santo harmonizar esta carta para que não só os músicos, mas todos nós seres sonoros deixemos Deus reger nossa vida.

2. Música é Vida.

Quando o coordenador da minha comunidade me pediu para preparar uma formação para os participantes do nosso Grupo em especial os com talento para música fiquei pensando se deveria fazer como em outra formação que havia feito no inicio do nosso ministério, lembro que nessa vez peguei pesado e até assustei um pouco o pessoal, mas eu tinha que ser honesto e contar-lhes o quanto era difícil ser um músico de Deus e que só o talento não era suficiente. Resolvi então buscar em sites como Canção Nova, Comunidade Recado e outros site de músicos católicos para desenvolver uma formação legal, tamanha foi minha decepção, pois todos os sites com o tema “Formação para Músicos” falavam de espiritualidade, conversão, vida com Deus, igreja e oração pessoal, mas de música nada. Percebi que Deus estava me mostrando que músicos já sabem o que tem de saber sobre música, o que precisam é de uma vida regida por Deus e através de sua música levar Deus as pessoas. Sendo assim perguntei a Deus: _ Deus e os que não são músicos? Deus me respondeu: _ Esses não precisam conhecer de música, a estes basta saber o sentido da música e como usa-la para suas orações e para a missão que lhes dei. Tamanha foi a minha surpresa nessa hora, que fiquei até sem jeito, é claro “anta” como diria o pe. Léo, se o problema fosse música o formador deveria ser um músico e não eu, afinal minha experiência com música resume-se a conhecer o básico e só. Mesmo assim me senti apto para a missão de falar aos músicos, pois Deus não quer músicos profissionais, e sim profissionais músicos, aqueles que devolvem no cumprimento de sua missão o grande dom que Deus lhes deu, o de transformar a palavra em melodia.

Músicos há muitas vidas desafinadas pelo pecado e arranhadas como um CD velho pelos tumultos do dia a dia, é preciso que você vá ao encontro dessas vidas, por que somente quem tem a vida afinada em Deus pode ser uma referencia de boa música, é com boa sonoridade e digo mais, sendo um diapasão vivo para os acordes mortos e feridos cujo som não passa de um ruído, se afinarem novamente.

Quando você bate nas cordas de um violão, o vibrar das cordas geram som, e suas várias vibrações produzem um conjunto de sons que combinados de forma correta e ordenada transformam-se em música, assim é você músico de Deus, deixe-se tocar pelo Espírito Santo e sentindo esse toque vibre, vibre muito e ao vibrar produza sons, produza vida, para que os desafinados se deixem tocar e vibrem também, é isso todos vibrando na mesma emoção, no mesmo Espírito, essa é à vontade Deus, que todos tenham vida e ter vida é estar afinado. Você pode estar se perguntando como você pode ser esse diapasão vivo? Eu te digo Deus já te deu tudo o que você precisa, agora é com você.

3. Dom.

Nos capítulos anteriores utilizei metáforas como a do violão, uma linguagem musical como afinos e desafinos da nossa vida como se ela fosse música, agora vamos colocar isso em palavra reais e realmente entendermos o que Deus realmente pede a você músico de Deus.

Em primeiro lugar vem a sua missão, para aqueles que estão lendo esta carta e estiveram presentes nesta formação digo sem medo de errar: _ Sua missão é ser Miriâm. Ser Miriâm significa ser Maria, por que ninguém soube fazer a vontade de Deus tão bem quanto Maria, ele apostou tudo em Deus, sua vida, história, moral e casamento em nome de uma grande missão, deixar-se tocar pelo Espírito para trazer ao mundo a mais bela canção, o amor. Vejam bem falei em ser Maria e não como Maria, parece confuso, mas não é, no mundo de hoje ninguém quer abrir mão de si mesmos em favor do outro e quando assim agimos nos tornamos juizes de duas condenações:

1º Condenamos nosso irmão que permanecerá desafinado, ou seja, negamos a ele a oportunidade voltar a viver, por que ele volta a viver ouvindo a sua música e música é vida.

2º Condenamos a nós mesmos por que negamos a nossa missão de ser Maria e de viver uma vida para Deus e um dia como músicos compormos a orquestra do Céu a qual estamos destinados.

Ser Maria é dar a sua vida pelo próximo, não só seguir o exemplo, pois seguir exemplos é muito fácil, difícil é sentir no coração o que Maria sentiu, desde a alegria de servir até tristeza de ver a morte de seu próprio filho. Ser Maria mais do que Missão é dom.

Seria tolice escrever perguntar em uma formação para músicos qual é o seu dom, mas sabendo que outras pessoas estarão lendo esta carta faço a pergunta: Qual é o seu Dom?

Muitas pessoas acham que ter dom é ter aptidão para alguma atividade artística e não é. Pra ser sincero não importa qual é o seu dom, mesmo por que você não tem um único dom, por que Deus nos criou por completo, então somos cheios de dons. A questão está em como você administra seu dom, para onde você está direcionando seu dom, será para a vida ou para morte?

Logo que aprendi a tocar violão não pensei duas vezes, fui pro barzinho e tocamos e cantamos a noite toda, eu estava total mente tomado pelo desejo de ser comparado aos grandes ídolos do rock, então além de cantar musicas cuja mensagem era destruidora eu bebia muito pra ficar bem louco e poder cantar mais e mais era uma loucura, mas era o que eu vivia naquela época. Deus me perdoe, eu não sabia o mal que aquelas músicas e o comportamento dos meus ídolos, e pior estava eu fazendo a mesma coisa, espalhando sementes do mal, por que os que me ouviam, principalmente os mais novos, queiram depois me imitar por que achavam legal. Por outro lado Deus me resgatou e fui agraciado com um presente maravilhoso, tempos depois de isso tudo acontecer um rapaz que trabalhava comigo veio ao meu encontro e me disse: _ Cássio você não se lembra mais de mim, mas eu participava do grupo de jovens lá no Pantano (bairro de Pouso Alegre-MG) e lá eu vi você tocando guitarra, achei legal e acabei aprendendo a tocar e hoje toco no grupo de jovens. A partir daí senti o peso de ter um dom e de colocá-lo a serviço de Deus. A palavra peso significa responsabilidade, ou seja, você é responsável em usar o seu dom para colaborar com Deus na afinação da vida dos seus irmãos.

O seu Dom não deve ser escondido, nem precisa ser exibido, pois você o recebeu de graça, nada mais justo que de graça você o compartilhe. Casos como o que relatei sobre rapaz que passou a tocar por que me viu tocando nos levam a refletir o quanto nosso dom é importante para a vida das pessoas, talvez se naquele dia eu não estivesse naquele local mostrando a ele que eu estava tocando pra Deus ele poderia não ter descoberto que gostava de musica ou mesmo não se aprofundaria em Deus. Um violão não se afina sozinho, é preciso que o violonista toque suas cordas e na medida em que vai sentindo o encontro do som com a nota musical desejada ele aperta ou solta a corda, com as pessoas é assim, ninguém se afina sozinho, e preciso que você com seu dom vá apresentando Deus para as pessoas e assim elas vão descobrindo seus dons e a medida que vão se afinando começam a ajudar outros a se afinarem. Seja um diapasão vivo.

Gostaria de lembrar ao músico e a todos que trabalham ou desejam trabalhar na evangelização que seu primeiro e maior dom é a vida, e sua vida vem de Deus, ame primeiro a Deus e o resto é resto.