Saudade Consoladora

E de repente bateu aquela saudade forte no peito, aquela vontade de chorar e então abracei o travesseiro com toda a força que o meu coração exigia. E quando ia me restaurando da nostalgia, vejo suas roupas espalhadas pelo chão e me lembro com graça de sua pressa de sair e insistentemente dizer que roupas no chão eram mais fáceis de serem achadas. Rio com lágrimas de suas piadinhas bobas pela manhã e de seu jeito bobo de tentar me fazer sorrir a todo instante. Lembro-me também das cartinhas e bilhetinhos que sempre estavam grudadas na geladeira com fita crepe, mesmo eu sempre dizendo que não precisava de provas de amor a todo instante, pois eu podia sentir seu amor só de me lembrar de seu olhar. E como me esquecer de que você sempre ficava olhando eu me arrumar na frente do espelho? E quando eu via a sua imagem refletida levava o maior susto... Ah! As mensagens no celular e as ligações recebidas no trabalho! Eu não me importava mais com as broncas da chefa, sabia que isso não passava de inveja. Perguntavam-me se você era um ‘à toa’, ou se vivia de férias, pois sempre tinha tempo para me telefonar e dar uma passadinha na empresa pra me olhar, nem que fosse de longe. E eu respondia, com toda satisfação: ‘Não, ele é muito ocupado, trabalha em dois períodos’. Era incrível como nada te desanimava, nada representava obstáculo pra você. Você me fez ver tudo com mais calma, com o objetivo de sentir o momento, de aproveitar tudo de bom que as situações nos oferecem. Está bem, eu sempre reclamava de tudo, mas você nunca reclamou! Os passeios de domingo, as voltas de bicicleta no meio da chuva (sempre voltávamos como nariz escorrendo e respingando água de enxurrada em todo o apartamento, mas com sorrisos de retardados felizes), os filminhos de sábado à noite que a gente nunca via o final... Ah... Os chocolates quentes e os bolinhos que você mesmo tinha assado (eu sei que eram da padaria, mas isso não importa) e trazia até a cama... Parecia que você gostava de me ver descabelada bocejando e resmungando por causa do horário de verão (que por sinal nem existe por aqui), você fazia questão de me beijar mesmo após acordar, mesmo no meio da rua, onde estivéssemos... E quando nós visitávamos nossos amigos, por mais breve que fosse a visita, você sempre fazia questão de levar a eles alguma coisa, poderia ser desde um cartão a uma garrafa de vinho. Sem dúvida, você era especial! Ou é? Já não sei mais. E o que mais dói, é saber que essa ausência não vai durar só uns dias, uma semana, ou um mês (que já parece uma década), ela não tem prazo determinado, se é que existe esse prazo. E eu não sei se eu sinto alívio ou angústia quando acordo desesperada vendo as coisas exatamente como você deixou (elas possuem seu cheiro, e inexplicavelmente, a sua luz também), e ainda ouço a sua voz dizendo: “Vai meu amor, ‘Carpe Diem’, ‘Carpe Diem’ daí que eu ‘Carpe Diem’ daqui. Você sabe que nós estamos juntos, ninguém vai mudar isso, mas a gente precisa ser um pouquinho paciente até estarmos novamente juntos. Você verá minha querida, tudo faz sentido. Tenha um bom dia!”. Estou em prantos, porém com alguma coisa aqui dentro, que eu não sei explicar o que é que me deixa forte e com profundo amor pela vida e tudo que está além dela. A você só tenho que agradecer e pedir perdão por eu ser bem menos do que você merece. Mas você mesmo me ensinou: ‘Quem ama é cara-de-pau!’ Parece óbvio, mas eu preciso finalizar essa carta com o mais sincero possível ‘eu te amo’! Até o dia que nossos corações se reencontrarem!

Janicris Rezende Januzzi
Enviado por Janicris Rezende Januzzi em 14/03/2008
Código do texto: T900126
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.