Uma carta de amor
 
Sabe, amor, a vida é tão estranha!
Gosto tanto de ti, que não me acho em nada!
Não consigo fazer nada, chega a não ser eu!
A minha vida está estacionada, como um velho carro envelhecendo ao relento em um pátio qualquer esperando o recolhimento.
Às vezes, penso em desistir e apagar-te da minha mente.
Esquecer que um dia te conheci e que, por alguns momentos, ao teu lado fui feliz...
Mas sei que, se isto fizer, vou estar apagando parte de mim, parte da minha história, e assim sofro por antecipação!
É triste viver assim!
Amo você,
 e se de ti esquecer, esquecerei também o orquidário do amor, aonde a mais bela das flores veio para marcar o meu coração. Hoje, assim como eu, ela está envelhecida e solitária, guardada junto à última carta de amor.
Porém, de que me adianta amar assim, nesse amor desesperado e contrariado? Separados não pode ser. Precisamos encontrar um meio de nos vermos novamente, antes que seja tarde!
Dói muito a dor do querer e não poder...
Dói quando te vejo por aí, livre e solto, com uma mulher qualquer, como vejo em meus pesadelos.
É tão triste que o estado inerte e a coerência me advertem sobre o quanto sou impotente e infeliz!
Quando estamos juntos, tudo é tão rápido e imprevisto, que nada consigo dizer, e logo chega ao fim...
Não sei como fui permitir que esse amor penetrasse em meus poros como uma fonte de vida! 
Mexes comigo, como a chuva fina que cai suave ou em tempestade ou como o sol morno ou escaldante! 
Amo-te em qualquer fase da lua, em qualquer estação do ano! Faça chuva ou faça sol, volto sempre ao ponto de encontro para sentir-te no pulsar forte do meu coração...