A EXTRAVAGÂNCIA
O vilarejo de Santa Tereza naquele dia quente do mês de agosto, estava bastante agitado.
—Mas você tem certeza do que esta me dizendo, comadre Márcia?
—Claro! Comadre Ana. É o que todos estão comentando.
—Mas isso é uma insensatez sem tamanho. Onde já se viu tanta burrice, tanto desperdício?
—É comadre, a vida tem dessas coisas!
O páraco também ciente do fato, incrédulo, argumentou:
—Mas isso é obra do Capeta! Ele só pode estar doido.
—O delegado também opinou:
—Isso é crime contra a sociedade; é caso para prisão, sem choro nem vela.
O açougueiro, o padeiro, o leiteiro e todos os eiros do lugarejo deram suas opiniões desfavoráveis contra o empreendimento que ora se efetuava na tão pacata vila de Santa Tereza.
Sentado na varanda de sua casa, saboreando um delicioso refresco de morango; seu Joaquim apreciava sua obra de arte. Ao seu lado, o professor Eusébio também observava a tão inusitada extravagância que muito alarde provocou na população. Tratava-se nada mais, do que um lindo e portentoso chafariz que aspergia límpida e refrescante névoa sobre as flores que o circundavam. Uma miríade de borboletas multicores, insetos diversos e alguns pássaros, se regalavam daquele doce e refrescante bebedouro.
—Sabe Eusébio, todos me criticam por ter gasto dinheiro nessa pequena obra. Eu não me importo com esses comentários tolos. Afinal, a gente tem que fazer tudo o que gosta enquanto estamos nesse mundo de Deus. Ninguém leva nada para a outra vida, não é mesmo?
—É amigo Joaquim, é verdade!
—Você, Eusébio, por acaso já viu algum caminhão carregado com os pertences de uma pobre alma que acabou de partir dessa vida, seguindo seu funeral?