Um ano em Pereirópolis V - "Narizes de bronze"

Esses tempos aconteceu um atentado - na verdade, um mal entendido - contra o busto do Getúlio Vargas na praça central: certa manhã, encontraram-no sem nariz. (http://www.recantodasletras.com.br/microcontos/940956)

Pois esses dias fiquei sabendo que uma nova vítima sofreu uma agressão à altura. Na mesma praça há um busto em homenagem ao jornalista gaúcho Maurício Sirotsky Sobrinho, cujo nariz foi misteriosamente subtraído.

Sei que não é obra do mesmo autor, já que Seu Nestor teve a infelicidade de falecer no ato do conserto do nariz do Getúlio, coisa, aliás, muito bem intencionada. Este segundo é um enigma total. Pode ser um ato de homenagem póstuma ao mártir dos observadores, Seu Nestor, o único que percebeu o defeito na estátua que ninguém olha. Ou então, um ato de rebeldia contra a imprensa em geral - que tem por hábito de enfiar o nariz em todos os lugares. Pode ter sido a ação de alguém dotado de um bizarro senso de equilíbrio, uma vez que o Getúlio continua lesionado. Quem sabe, pode ter sido uma dessas pessoas que cata latinhas de alumínio e outros materiais recicláveis, que achou um exagero - ou excesso de peso - levar a estátua toda (se há quem roube até os fios de cobre da rede de cabos telefônicos, que diferença faz um nariz de bronze?) Ou, em último caso, pode ter sido um acidente mesmo.

Mas o pior é que alguma alma caridosa - uma caridade com o patrimônio público - teve a "feliz" idéia de cobrir os buracos nasais - do presidente e do jornalista - com massa epoxi. Não sei dizer se era mais feio antes do que está agora.