O VALOR DA PERSEVERANÇA ( Celismando Sodré - Mandinho)

O VALOR DA PERSEVERANÇA

( Celismando Sodré -Mandinho)

Muitas vezes não conseguimos conquistar nossos objetivos porque não perseveramos; talvez seja pela nossa própria formação sociológica e histórica. Somos conformados e aceitadores das circunstâncias como elas são. A verdade é essa, não somos participativos e exigentes diante dos nossos direitos, por isso existe tanta injustiça e desigualdade social, atrasando o progresso do país.

A história que vou contar agora, aconteceu lá nos idos dos anos trinta na época do governo de Getúlio Vargas; nosso município ainda pertencia a Brotas de Macaúbas, foi um caso verídico e deve servir como exemplo para que possamos mudar o nosso comportamento diante dos obstáculos sociais e própria vida; é a história de Dona Orminda, que era uma senhora forte e decidida, dizem que era descendente de índios; morava no lugarejo por nome de Cachoeira, entre o Milagre e a Barrinha, no município de Barra do Mendes.

Acontece que pela sua propriedade passava um riacho, que no tempo das chuvas sempre descia passando pelo Milagres e outros lugarejos até o açude de Barra do Mendes. Dona Orminda sempre construía uma barragem em um ponto estratégico dentro de sua própria propriedade. Só que os moradores dos povoados que ficavam abaixo, se sentiam prejudicados porque represava a água, atrasando o escoamento da água no seu percurso natural e sempre destruíam a sua barragem construída com tanto sacrifício. Isso aconteceu uma, duas e tantas vezes que aquela senhora sofrida e tão corajosa perdeu a paciência e resolveu agir.

Dona Orminda, selou seu burro, pegou suas poucas economias guardadas embaixo do travesseiro, e partiu para a cidade de Mundo Novo, deve ter sido vários dias de uma viagem dura e penosa, mas, aquilo não era nada para aquela valente mulher. Em Mundo Novo ela pegou o trem para uma outra cidade e depois de vários dias no caminho, chegou ao Rio de Janeiro, a Capital Federal que era seu objetivo desde o início. Pergunta aqui pergunta dali, depois de muitas cabeçadas e persistência ela chegou no Palácio do Catete, sede do governo federal.

Ao chegar, Dona Orminda acampou na porta do palácio e disse aos seguranças que só sairia dali quando conseguisse falar com o presidente Getúlio Vargas. E a velha senhora ficou prostrada na porta do palácio por horas, até que o segurança resolveu levar o caso ao conhecimento do chefe do gabinete, que por sua vez levou ao conhecimento do presidente. Depois de ouvir o relato da senhora que saiu dos confins do sertão da Bahia, a quase dois mil quilômetros andando de animal, de trem, ônibus, passando pelos maiores sacrifícios até chegar ali, o próprio presidente achou que seria uma tremenda injustiça não receber aquela mulher tão corajosa e determinada. E Dona Orminda saindo da Cachoeira, perto do milagres; se tornou a primeira e única Barramendense a ser recebida pelo presidente mais poderoso da América do sul.

Ela contou sua história, da barragem tantas vezes construída com tanta labuta e tantas vezes destruída pelos moradores dos outros povoados, que não queria entender que ela precisava daquele precioso líquido para qualquer nordestino. Ela foi ouvida com muita atenção por Getúlio. Dizem que o presidente ficou admirado e comovido com a história daquela sertaneja forte. Mandou o secretário trazer dois papéis timbrados com o selo da presidência e fez duas cartas; uma endereçada ao Prefeito de Brotas de Macaúbas e outra para ficar com o determinada senhora. Nas cartas ele dizia que a partir daquele momento ninguém iria destruir a barragem construída por Dona Orminda, e se tal fato acontecesse tanto o prefeito como os responsáveis iria se ver com o presidente do Brasil.

Aquela Barramendense saiu do gabinete do presidente tão alegre e contente que nem sentiu as agruras da viagem de volta a sua humilde casa e as seus afazeres. Mandou entregar a carta do presidente ao prefeito de Brotas e guardou, bem guardada, a sua carta. O certo é que a partir daquele acontecimento ninguém, mas ninguém mesmo! Ousou destruir de novo a barragem de Dona Orminda.

Portanto, mirem-se no exemplo de Dona Orminda, e quando se sentir injustiçado, lute pelos seus direitos até as últimas conseqüências.

Aos acomodados.

Baseado no relato de Lico Leite.

MANDINHO
Enviado por MANDINHO em 14/02/2009
Código do texto: T1438474