História de pescador: Arurau

Lá pros lados do rio Crixás, em Goiás, um grupo de amigos estava curtindo uma temporada de pesca.

Ficavam sempre acampados no meio do mato, com luz proveniente de um gerador à diesel, comendo carne de caça e de peixe que eles mesmos obtinham da exuberante natureza do lugar.

Certa noite, um caboclo chegou no acampamento e disse que em um lago próximo, pegava-se muito pirarucú, um peixão gigante da bacia amazônica, mas que abundava também os lagos daquela região.

Os amigos, entusiasmados, pegaram a canoa e rumaram para o tal lago. Como isca levaram algumas bicudas, com anzóis gigantes, geralmente feitos artesanalmente, um galão de 5 litros como bóia e ao invés de linha, corda de nylon, bem resistente.

O pirarucú é um peixe forte, pulmonado, que sobe de vez em quando para respirar, e que quando é pego, dependendo do tamanho do bicho, é preciso dar um tiro para que ele pare de lutar e possa ser embarcado.

Entre os amigos pescadores, tinha um que estava pescando naqueles rincões pela primeira vez, e o pessoal deixou a carabina nas mãos dele, para que ele disparasse o eventual tiro, se o peixe fosse fisgado.

Depois de uma silenciosa observação, perceberam o local em que o peixe subia para respirar, iscaram o anzol com uma bicuda, amarraram uma bóia grande na corda, e lançaram.

Não demorou muito, a isca foi mordida e a batalha começou.

A canoa era puxada com uma velocidade incrível, e logo o mais experiente disse para o atirador:

_Prepara o tiro que esse é dos grandes.

Não conseguiam puxar o peixe, a canoa ziguezagueava no lago e quase afundava, bebia água, e esta era tirada com um balde.

O caboclo que havia ido junto achou aquilo muito estranho, mas resolveu ficar quieto.

Depois de duas horas lutando no lago, já exaustos, viram que o peixe começou a ceder.

Foram puxando, puxando e quando apontou a cabeça fora d´água, o atirador disparou bem na cabeça.

Para surpresa de todos, não se tratava de um pirarucú, mas sim de um arurau, mais conhecido em nossa região como jacaré-açu, e pasmem, o exemplar tinha mais de 5 metros de comprimento.

A sorte dos pescadores foi que o tiro pegou bem no olho do bichão, atingindo o cérebro e paralisando o réptil, já que se assim não ocorresse, uma bala comum não atravessaria a caixa craniana de um jacarézão daquele tamanho e somente o deixaria mais nervoso, e facilmente mataria a todos os canoeiros.

Já em terra, o arurau metia medo, mesmo depois de morto. E vários caboclos velhos, nascidos e criados naquela região, disseram ser raro conseguir abater um tão grande, mas que por ali, habitam aruraus até maiores do que aquele.

Muitos juraram jamais pescar daquele modo novamente, depois de por muita sorte, terem escapado de tal perigo.

BORGHA
Enviado por BORGHA em 18/11/2009
Reeditado em 19/11/2009
Código do texto: T1930330
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