O Vexame e a Lição

Lá estava o ônibus lotado de passageiros – em um dia qualquer, num ano qualquer – pois era horário de pico. E no horário de pico, geralmente os meios de transportes sempre ficam cheios de passageiros. Um furdunso completo. Empurra-empurra. Pessoas caladas e outras falando com seu companheiro do lado, umas grudadas nas outras. O cobrador fica sempre olhando os passageiros; fica sempre de olho no espelho para dar um toque para o motorista quando algum passageiro – no caso – fosse descer em seu ponto para ir rumo ao seu destino. Muita gente não sabe, mas por isso que ele bate com a moeda no ferro do banco ou com uma porquinha amarrada com um elástico, para servir de campanhinha, para que seu companheiro saiba o momento certo de fechar a porta.

De repente entra uma senhora até que chique com o cabelo bem cortado, com uma roupa até que fina; toda pintada, com um jeito de gente da alta-sociedade. Como o ônibus estava lotado de passageiros não havia mais lugar para a madame se sentar. Os lugares dos velhinhos já estavam cheios de velhinhos sentados e acomodados. Pela lei desta constituinte aqueles lugares que há na frente – portanto perto do motorista – é exatamente para as pessoas com mais idade e aquela mulher já tinha certa idade, então ela começou a murmurar que não havia mais lugar para ela poder se sentar. Começou a reclamar com o motorista do ônibus que já não havia mais lugar:

- Ô motorista eu preciso me sentar. O motorista nada lhe respondia. – Motorista está me ouvindo? Eu quero me sentar! Arruma um lugar para mim. Ela reclamava e o motorista estava ficando estressado de tanto ouvir aquela senhora reclamar e murmurar.

- Se a senhora quiser eu me levanto do meu acento e você dirige o ônibus. Todos os passageiros riram da madame.

Um senhor que estava sentado em um lugar que é reservado para os senhores de idade se levantou e deixou a senhora se a sentar, mas com certeza os passageiros do ônibus aprenderam com uma velhinha arrogante e incompreensiva naquele dia, naquele horário de pico.

20/10/02 16h42min

Cairo Pereira

Cairo Pereira
Enviado por Cairo Pereira em 14/12/2009
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