Teimosia Nefasta

Quando alguém insiste numa teimosia sem analisar os argumentos do outro, costumo lembrar a história do escudo de ouro e de prata, do tempo da cavalaria andante. Conta a história que dois cavaleiros, em direção oposta, se encontram exatamente diante de um grande escudo, quando um deles diz admirado: “Que lindo escudo de ouro!”

O outro então responde: “Que lindo escudo de prata!”

_ De prata não, o cavaleiro é cego? Não vê que um escudo de ouro?

_ De ouro não, o cavaleiro é que é cego, pois o escudo é de prata.

Diante de tamanha discussão, cada um puxou a sua espada, desafiando o outro. Houve luta e os dois terminaram caídos ensanguentados, ambos sem capacidade de reação, em razão dos ferimentos.

Passa uma terceira pessoa e lhes pergunta o motivo de tamanha tragédia. Um dos feridos responde: “Foi por causa da teimosia desse cavaleiro que parece estar cego, dizendo que o escudo é de ouro, quando na realidade é de prata”. E outro ainda responde: “Cego é ele que não vê que é de ouro”. Então, o terceiro personagem, cautelosamente, olha de um lado e do outro do escudo e verifica que realmente um lado é de ouro e outro de prata. E completa: “Todo esse sangue poderia ter sido evitado se cada um de vocês tivesse tido a preocupação de olhar o outro lado”. E deixa essa lição: “Nunca entreis em contenda sem antes verificar as duas faces da questão”.

Por falta dessa precaução, sempre achamos que estamos certos dos nossos argumentos, não analisando a razão por que o outro também afirma estar certo. É preciso que entendamos que “ninguém é o senhor da razão”, as coisas devem ser vistas também por outro ângulo. A cega teimosia, sem o uso do bom senso, pode nos levar a um fim nefasto, assim como os dois cavaleiros andantes. A morte prematura por desrespeito ao seu próximo.

Irineu Gomes
Enviado por Irineu Gomes em 21/12/2009
Reeditado em 25/04/2011
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