Linha no buraco da agulha!

Cada vez mais comprovo ... O tempo é inexorável e, às vezes, impiedoso ...

Lembro-me de quando criança e até mesmo adolescente e já adulto, quando havia qualquer problema com necessidade da colocação de um botão que havia se soltado, um bolso que havia ‘descosturado’, uma barra da calça que necessitava ser ajustada, um ‘aperto’ na gola de uma camisa que estava ‘muito folgada’, etc., não me furtava em solicitar os préstimos de uma SEMPRE presente e ‘prestativa’ senhora!

Sem nunca me negar, ela, de imediato, lançava mão dos apetrechos necessários para realizar o trabalho e, SÓMENTE de vez em quando, estendia-me sua mão, na qual portava a agulha e a linha solicitando para que eu ‘enfiasse a linha no buraco da agulha’ pois não estava conseguindo!

No auge de todos os meus sentidos (Graças a Deus ...) funcionando perfeitamente, via de regra esboçava um esgar com um sorriso desdenhoso, como se aquela solicitação não tivesse sentido. Pensava eu: “Como é possível que não consiga fazer este simples trabalho de enfiar uma linha num buraco de uma agulha?”. Rapidamente executava aquela simples tarefa e devolvia a ela a composição ‘linha no buraco da agulha’ para que desse seqüencia ao que eu havia solicitado.

HOJE, aos 62 anos de idade, já contando com o auxilio de lentes corretivas para visualizar pequenas coisas com as quais tenho de conviver, quando tenho necessidade de recorrer aos mais jovens para que me auxiliem em ‘pequenos problemas’ tais como: ler uma bula para que eu tome ciência de como ingerir determinado medicamento, procurar minha aliança que deixei ‘escorregar entre os dedos’ e foi ao chão, idem para um comprimido que também deixei ir ao chão no momento que retirei do frasco e até, PEDIR PARA QUE ALGUÉM MAIS JOVEM COLOCAR UMA LINHA EM UMA AGULHA para que eu faça algum remendo em uma roupa já rota, não me furto em relembrar e verter dolentes lágrimas através dos meus ‘castigados olhos’, àquela época que tais solicitações eram feitas por MINHA MÃE para atender a uma minha solicitação e eu julgar ser um pedido desnecessário, haja vista ser de fácil execução!