Contadora de Causos

Tenho uma amiga, que a mãe dela é uma grande contadora de causos de sua infância. A mãe desta minha amiga, cria umas estórias fantasiosas em sua mente de uma hora para outra, como se fosse um simples estalar de dedos. É de admirar a imaginação fértil que ela tem para contar esses causos. Outro dia, minha amiga veio me visitar, trouxe sua mãe também, em conversar ela me contou mais um dos seus causos. O qual vai tentar transcrevê-lo.

Ela me disse que quando era criança, morava na roça aqui mesmo no interior de Goiás em uma pequena fazenda de propriedade do seu pai na cidade de Nazario no pé da serra da Jibóia. Ela juntamente com sua irmã um ano mais velha do que ela e um irmão mais novo, estudavam em uma escola lá na roça. Uma dessa escola que funcionava ao lado da casa da professora que também havia estudado muito pouco. Mais mesmo assim, ensinava o pouco que sabia para as crianças das redondezas.

Voltando ao causo, ela me disse que, quando ia chegando à escola a professora os avistou. Como ela havia brigado com o marido naquele dia, soltou os três cachorros grandes que ela criava em casa, dizendo a eles pega. Então os cachorros saíram em disparada pela estrada latindo para eles. Ela saiu correndo pelo pasto sem importar com as vacas paridas que estava por lá pastando com suas crias. Os irmãos correram pela a estrada.

Quando ela ouviu os irmãos gritando, parou olhou para trás e viu os três cachorros em cima da irmã. Ela pegou um pedaço de pau de aroeira, foi salvar os irmãos dos dentes dos cachorros. Chegou bem na hora que um dos cachorros ia morder a nuca da irmã. Ela deu uma paulada, só uma paulada na cabeça do cachorro ele caiu morto. No que estava mordendo a perna deu outra paulada no dorso deixá-o descadeirado. No terceiro cachorro deu uma paulada também quebrando as quatro patas dele. Notem bem, com três pauladas apenas, ela fez uma proeza desta. Porque na época ela só tinha nove anos. O que é muito para uma criança. Só rindo mesmo.

Continuando, porque ela não parou por aí. Ela me disse que falou para o irmão pegar no braço da irmã e ela também pegou o braço do outro lado, levando-a até a sombra de uma árvore que ficava na beira da estrada. Feito isso, saiu correndo até a sua casa para pegar um cavalo para levar a irmã. Nisto, seu pai estava chegando da roça, a vendo toda apavorada, perguntou o que estava acontecendo. Ela contou ao pai o que tinha acontecido. Ele disse a ela que ficasse em casa bem quieta. Não dissesse nada a mãe que estava no tear tecendo, porque se não ela iria ficar muito assustada e nervosa. Dito isso, saiu apressado em busca dos filhos. A mãe, só soube quando ele chegou com a filha machucada com a mordida dos cachorros, no que ela disse filho dela, não voltaria mais naquela escola. Como eles voltaram mesmo.

Três dias depois do acontecido, a professora foi a casa deles não para saber da irmã e nem o motivo pelo qual eles não estavam mais indos à escola. Mas sim, para reclamar com o pai dela por ela ter matado e machucado os cachorros dela. No que seu pai, chamou a atenção da professora que saiu de lá, de cabeça baixa de vergonha.

Confesso que me segurei para não rir, para fazer cara de quem estava acreditando no que ela estava me contando. Porque com esse causo, ela ultrapassou o limite da imaginação. Como não poderia rir porque gosto muito desta minha amiga. E mesmo sua mãe tendo uma imaginação assim, ela é uma senhora muito agradável. Mesmo ás vezes saindo com umas perolas assim. Olha que ainda fiz cara de quem acredita para não magoar a minha amiga, porque mãe é mãe.

Lucimar Alves

Lucimar Alves
Enviado por Lucimar Alves em 04/07/2010
Reeditado em 04/07/2010
Código do texto: T2357638
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.