Prá descer, todo santo ajuda.

A Serra da Piedade, Caeté -MG, nos reserva grandes causos devido às lendas dos espíritos que rondavam as minas de prata, tanto da Serra do Potosi - no Peru, quanto desta, em virtude da semelhança entre elas.

Contam que, séculos atrás, ali habitava uma irmã que quase não se alimentava e que convivia com homens isolados da cidade e que se via às voltas com crises histéricas. Dizem que ela era muito dada a eles. Seria ela uma santa ? Ninguém sabia. Seriam suas crises uma farsa, como as de Inês Pereira ? Também ninguém soube. Muitos estudos foram feitos tentando comprovar a exatidão dos fatos, mas o que se sabe mesmo é que ela era uma mulher mística, vivendo em uma região de acontecimentos sobrenaturais.

Por essas e outras lendas e por esses e outros causos, a Serra da Piedade é própria para realizar penitências e pagar pecados. Uma capela – Nossa Senhora da Piedade – encontra-se bem lá no alto da montanha, continuidade da Serra do Espinhaço.

Amarantina, sabedora de que seu marido, Euzébio, gostava muito de um rabo de saia – de outras – preparou para ele, bem nos festejos religiosos, uma maneira de ele padecer um pouco pelo que anda aprontando com ela.

Ela convidou seu marido para participar da procissão na Serra. Como sele sempre agradou de quermesse, onde sempre reunia muitas pessoas, de prontidão aceitou o convite – imposição de ir com ela.

Quando lá chegaram, observaram que filas estavam sendo formadas para que a procissão pudesse passar com as imagens.

Amarantina, pediu ao padre que deixasse Euzébio levar o andor com a imagem pela procissão afora. O pedido fora acatado e ela então falou, com o marido, para que se posicionasse e que fosse acompanhando serra abaixo.

Quando chegaram ao pé da serra, o padre fez meia volta e pediu aos romeiros que fizessem o caminho de volta. Euzébio quase teve um troço e reclamou com sua esposa do cansaço.

Ela então respondeu-lhe, que era para ter paciência que logo,logo chegariam ao topo.

No meio do morro, Euzébio já exausto pediu à patroa para arranjar alguém que o substituísse, pois ele estava muito cansado.

Ela caçoando, dizia que era para ele deixar de fazer extravagâncias em dias que antecedem às procissões. Falava para ele ficar mais em casa, descansando, e para tomar cuidado com o andor que o santo era de barro.

Quando, já quase sem aguentar, começou a perceber a intenção da esposa, pediu-lhe que arranjasse outra pessoa, pois ele não suportava mais. Ela rindo, brincou com ele:

_ Você trouxe tão bem a imagem até aqui embaixo, faça um pouco mais de esforço e a leve até o altar !

_ Pra descer, todo santo ajuda; mas prá subir, não há quem acuda, Amarantina !