Mandiocas
Sombra, muita sombra
Boa de deitar
Sem ver o tempo passar
E debaixo dela namorar.
Ah! Namorar...
Quem me dera poder voltar no tempo
E debaixo da sombra da mandioca
Encontrar uma menina
Pra namorar.
Mas não são estas lembranças
Que trago de lá.
Trago calos na mão,
Dores de cabeça,
Ensolação.
Trago briga de meninos
Traquinos...
Trago puxões de orelha
Injustos, mas necessários,
Brotos nascendo,
Meus pés pisando,
A enchada arrancando
Meu pai reclamando.
São limpas tantas vezes que eu não entendo
Eu pondero e apanho na sequência.
Diz meu pai – Vamos para a roça
Limpar mandioca, nao tem ai ai ai.
Trago a ordem e a disciplina
Que me fez crescer e saber obedecer.
Trago o tempo bom,
De plantar e tempo de colher
Trago boas lembranças
Onde os meninos trabalhavam, ajudavam, brincavam
Mas sempre foram crianças.