Dotes de nobreza

Patrício sempre foi um homem bom. Burguês do séc. XVII em busca de título de nobreza foi educado pelos melhores tutores de sua região. Pudera, seu pai era um excelente comerciante de especiarias.

Patrício cresceu e foi treinado como um pequeno burguês, hábil na esgrima, excelente nas ciências e prudente com as mulheres. Todavia, ele tinha uma grande vontade. Como todo grande homem era orgulhoso, desejava ser Nobre e para isso armou um casamento com a filha de um Barão falido. Golpe conhecido dos dois lados. Ele ganhava seu título e seu sogro voltava a ter dinheiro sem trabalhar. Único problema, a filha.

Sei que estás pensando, em pleno século XVII isso lá é problema. Sim para essa mulher. Ela tinha um espírito muito libertino para aceitar casamento arranjado, dessas que inspirariam muito bem um conto do Marquês de Sade. Dizia ela ter nascido para os pecados que os homens praticam. Só não tinha sido levada ainda a fogueira por intervenção de seus parentes, que ainda acreditavam num bom futuro cristão para ela.

Apesar dos seus desejos a nossa menina ainda era virgem no dia que encontrou seu futuro noivo pela primeira vez. Seu pai o trouxe para o seu palácio em Nápoles, mostrou, orgulhoso, as pinturas que ostentava de Caravaggio. Belos quadros religiosos que, segundo o Barão, o trouxeram para curar uma desgraça que tinha assolado a família, para levantar novamente o seu nome.

Após um tempo de conversa, o Barão chama a sua filha. Bela como deveria ser uma pequena baronesa do séc. XVII. Rechonchuda, ao gosto do nosso herói. Apesar das controvérsias da nossa menina, o casamento foi marcado. Seu pai só pensava em dinheiro e Patrício em seu título.

O casamento é marcado para a data mais próxima.

Na casa do Barão só tristezas, a Baronesa tentava consolar a sua filha, dizendo que ela poderia voltar a ter conforto casando-se com um homem rico, e esse homem rico era o nosso burguês, já que nenhum nobre que casar sem receber um bom dote. Contudo ela continuava triste, sem esperanças de algum dia mostrar ao mundo o que ela chamava de seus dotes reais.

Apesar de tudo, o dia do casamento chegou. A pequena baronesa foi transformada em uma noiva. O nosso burguês também fora transformado. Contudo, chegada a hora do casamento, nada da noiva. Ela havia desaparecido. Patrício a esperou durante cerca de 1 hora, afinal a noiva sempre atrasa. Contudo, após esse tempo, ele começou a se desesperar. Procurou os pais da noiva. Eles não sabiam de nada.

Mais uma hora. Patrício descobriu que ela havia fugido. Ele esperava tudo, menos isso. Nunca que ele havia se imaginado ser largado no altar. Homem belo, culto e rico, largado no altar. Aquilo tinha ferido seu orgulho no ponto que mais lhe doía, o casamento que o daria seu título de nobreza.

Procurou sua ex-noiva em todos os locais. Achou ela numa velha choupana. Estava nua, deitada ao lado de um nobre que tinha desejos o suficiente para ver sua beleza, porém inteligência para saber que ela não era mulher para se desposar.

Ao ver isso, nosso homem deixa de ser herói. Pega a primeira arma que vê e mata os dois a golpes frios. Como era de se esperar chegou a ser preso somente por quê matou uma filha de nobre, mas não ficou por muito tempo. Matou por honra, sem contar que também era rico.

Felipe Bosi
Enviado por Felipe Bosi em 29/11/2010
Reeditado em 01/12/2010
Código do texto: T2644090
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