Conto de Natal - Moço....

Conto de Natal

Moço...

25 de dezembro? Dizem que é a o dia do nascimento de cristo.

Muitas famílias se reúnem para comemorar

Outras famílias trocam telefonemas por motivos de distancias,

Outras famílias vão visitar seus entes na cadeia, outras nos hospitais, e a vida continua no dia 26,27,28,.....................

Conheci um cidadão há alguns anos que me falou assim do natal, em um dia de natal:

A policia subiu na favela sabe muitos soldados, invadiram nossas casas quebraram nossos moveis e etc. Estavam prometendo que a paz iria retornar na favela assim que os traficantes fossem embora. Eles prenderam drogas armas .

Mas sabe moço, eles não prenderam nenhum traficante.

Hoje moço, a policia esta lá na favela guardando a favela ,.

Moço sabe porque eles invadiram a favela ?

Eu disse não, não sei, mas me diga porque?

Moço, eles invadiram a favela porque é final de ano moço, e os traficantes nos davam o que comer e beber e presentes para nossos filhos , Sabe moço se os governantes olhasse por nós da favela e não fossem apenas buscar os nossos votos para se eleger , a gente teria um pouco de dignidade e seria mais feliz moço.

Eu fiquei olhando aquele cidadão, e perguntei a ele. Tudo bem, mas porque você esta aqui e tão longe do seu lugar, a favela??

Sabe moço, disse o cidadão: Eu sai da favela e não volto mais para lá não porque vai passar o final de ano e no ano que vem volta tudo como era antes e sabe moço eu quero ter paz , e aqui nos centros da cidade a policia não vem quebrar nada e nem bater na gente , mesmo sabendo nós da favela que é aqui nos grandes centros e grandes casas que moram os verdadeiros traficantes que alimenta o vicio na favela .

Moço? - Me disse o cidadão. Eu disse continue,

Moço eles chamam a favela de comunidade, mas na verdade eles querem que nós ficamos longe da comunidade.

Moço posso te fazer uma pergunta? Disse o cidadão juntamente com sua mulher e filho que ali estava a minha frente .

Eu disse: - Esteja à vontade, pergunte.

Moço, eu queria um pouco de água e um pedaço pão para meu filho o senhor pode me arranjar?

Eu disse sim aguarde um momento, por favor.

Entrei peguei algumas coisas e fui levar ao pedinte ( cidadão).

Entreguei as coisas ao cidadão, e ele me disse assim:

Obrigado moço. Até amanhã, pois todos os dias eu faço a coleta do seu lixo e dos demais aqui neste bairro, pois sou gari , .

Fiquei olhando aquela família a seguir.

Quantas vezes fiz julgamentos das pessoas que morava na favela, sem mesmo eu saber que o coletor de lixo que sempre manteve a frente da minha casa limpa morava por lá.

Igual a mim infelizmente com certeza muitos brasileiros pensa assim .

Será que um dia isto vai mudar ???? Ou continuamos a viver uma falsa democracia???

Ailton .`.

Este texto foi feito pelo meu marido Ailton de Oliveira, uma outra realidade do Natal.

Betimartins
Enviado por Betimartins em 09/12/2010
Código do texto: T2662682
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