Pra morrer

Ontem eu morri. Foi estranho. Isso porque eu nunca tinha morrido antes, foi uma sensação de desconforto misturado com euforia e decepção. Decepção sim porque hoje descobri que aqueles que juravam ser meus amigos nem compareceram no meu velório. Ahhh fiquei deveras triste. Achei que teria choradeira, mulheres se jogando em cima do caixão pedindo pra ir junto... essas coisas que vemos nas novelas. Nada disso aconteceu. Nem chuva caiu. Fez sim um calor danado que fez meus " amigos" curtirem uma deliciosa e "saudosa" praia.

Então foi assim. Estava eu andando na praia de Ipanema, mais ou menos lá pela 6 da tarde, quando chegou do meu lado, um moleque descalço, de bermuda colorida dizendo: Perdeu playboy. ( olha que eu era carioca da gema nascido e criado em Belford Roxo) como poderia ser " "plaboy" Nem é comigo. Pensei. " Esse muleque deve tá de brincadeira" dei logo um safanão na fuça e uma banda que logo caiu sentado.

O danado do muleque começou a chorar e não deu uns 10 segundos, apareceu um gigante assim de uns 2 metros de altura por 2 e meio de largura que logo foi puxando um três oitão e descarregou no meu francino corpo. Não deu outra: morri.

Ah, mas eu me vingo desse muleque!

Fiquei sabendo que esse desgramado é protegido por uma tal de ONG chamada DHCR ( Direitos Humanos só para Crianças de Rua) é foda.

Mas deixa lá que o que é dele tá guardado. Um dia ele encontra outro muleque, protegido pela mesma ONG, que fará a mesma coisa com ele, pois direitos humanos existem apenas pra quem não precisa dela.

Então vou seguindo meu caminho, desfrutando agora da boa-vida que terei no céu, pois não vou ter mais que trabalhar, nem estudar, nem pagar impostos... essas coisas que deixam qualquer cidadão pra morrer.

Mas como já disse; Eu já morri mesmo. Foi ontem.

Henrique de Paula
Enviado por Henrique de Paula em 23/12/2010
Reeditado em 24/12/2010
Código do texto: T2687926
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