072 – A PATATIVA...

Seu Mário Salvino, no velório da esposa chorava escancaradamente, lágrimas pelo rosto correndo ensopando lenços e mangas da camisa, gemia alto, fazia caretas de tristezas, seu estado era lastimável, todos diziam que ele não iria durar muito por tão apegado que é na defunta.

Mas quem prestasse atenção naquele choro exagerado desconfiado ficava, quando aqueles olhos marejados em lágrimas vez outra se voltavam para as pernas roliças da sua vizinha, sempre na desculpa de enxugar o rosto sob o lenço seus olhos avançavam.

Esposa enterrada seu Mário que já contava com mais de sessenta anos, num repente transmudou, passeava trajando roupas novas, seu carro sempre sujo agora estampava o céu de tão limpo, sorriso largo naquele imenso rosto, a barriga se destacava na distância, deveria pesar pra mais de cento e cinqüenta quilos, sozinho em casa, se arrastava beirando o muro da vizinha, limpando a garganta, tossia, e a vizinha do outro lado nas alturas cantava musicas apaixonadas, patativa chamando chuva!

Não conseguia dormir, passou a beber, sonhava traçando a vizinha, mas o marido não dava descanso, e a patativa cantava sem parar no desafiar.

O coitado do seu Mário já um pouco fora de forma para enfrentar aquele mulherão, resolveu fazer um bom estoque daquele comprimido azulzinho revigorante, temendo na surpresa falhar no cumprir do dever.

O satanás sempre arruma uma maneira para a desgraça acontecer, o marido da vizinha que já fora alertado que sua esposa pulava a cerca, retrucava que só acreditava vendo com os seus próprios olhos, resolveu ir pescar lá pras bandas do rio dos Bois no estado de Goiás, seu Mário não perdeu tempo, o muro ele não conseguia pular dado a sua gordura, escurecendo, pensou consigo é agora ou nunca, a patativa sinalizando positivamente, tomou logo dois azulzinhos para evitar qualquer surpresa sorrateiramente abriu o portão da vizinha e já foi direto para o quarto.

Entre abraços e beijos a vizinha destampou uma garrafa de champanha e em taças de cristal brindavam o momento tão desejado, o garanhão esquecendo que tinha tomado os azulzinhos, entre brindes e abraços foi tomando a champanha e mais champanha.

Na hora do vamos ver, seu Mário começou a tremer, a babar, convulsionou, faltou o ar, tanto roncava como peidava estrondosamente, perdeu os sentidos rolando da cama no chão estatelou, efeito da mistura do azulzinho com o álcool.

A patativa no desespero abanava o desfalecido com o travesseiro e o homem piorando cada vez mais, urinava sem parar pra todos os lados e ela no aperto se vestiu apressadamente e saiu pra rua em busca de socorro.

Ah! Carregar um homem daquele tamanho e daquele peso não era tarefa para qualquer um, adentraram algumas mulheres que se assustaram ao ver o seu Mário peladão, peladão, no quarto, um homem daquele tamanho com um revolver tão pequenino, entre gargalhadas saíram em busca de mais ajudantes, vários homens acudiram e foi preciso muitos homens para carregar aquele elefantão para a ambulância.

A patativa a todos explicava que o seu Mário estava consertando o chuveiro dela quando ele passou mal.

Só não conseguia explicar como que o homem foi parar na sua cama peladão.

Aflita teve um piripaque, também deu convulsão, quebrava o que tivesse ao seu alcance:

- E agora? Como meu querido esposo vai acreditar em mim, eu que sempre fui tão sincera, tão direita, tão honrada, o que que eu tinha de pedir para o seu Mário consertar o meu chuveiro!!!

As pessoas entreolhavam e no tampa boca davam sonoras gargalhadas.

No hospital seu Mário permaneceu por internado por vários dias, agora temeroso, pois ao que se sabia o maridão já estava a par do acontecido, saindo do hospital viajou para a cidade vizinha no intuito de visitar a sua filha que por lá morava, e por lá ficou por vários meses até as coisas acalmarem.

Os amigos do marido chifrudo:

- Num te falei fulano que a sua mulher estava dando pros outros!!

– Peraí, vocês exageram demais, ta daaaaando, mas não é taaaaanto assim nããããoo!!!

KKKKKKKKKKKK, Os amigos dando gargalhadas foram pro buteco beber e também pra falar mal da mulher do amigo chifrudo!

Ah! Ia me esquecendo, o seu Mário Salvino não mais voltou a nossa cidade, sua filha por procuração vendeu a casa com todos os móveis para o primeiro interessado que apareceu, o seu Mário nunca mais ouviu o canto da patativa, com certeza nunca a esquecerá, boas gargalhadas dará ao lembrar da sua primeira escapadela depois de se enviuvar!!

Magnu Max Bomfim
Enviado por Magnu Max Bomfim em 17/06/2011
Reeditado em 22/06/2011
Código do texto: T3040449
Classificação de conteúdo: seguro