Os forasteiros

Os forasteiros: Quinquim, Ditin e Mirtão... montados em seus cavalos chegavam a Quiririm. Na época uma pequena vila entre Pinda e Taubaté, foram logo entrando pela rua principal, rua que levava até a praça da matriz. Ao passarem em frente a igreja tiraram os chapéus e se benzeram. Bem ao lado da igreja havia uma biquinha dágua, ali se encontravam vários cavalos, magros, gordos, feios e bonitos, contudo o que mais chamou a atenção foi um grupo de caipiras negociando montarias, o sotaque era tanto que quase nada se entendia, sabia-se, porém, que era uma negociação, acho que com montarias... Muito engraçada por sinal...

“Cumpadi, oli só o qui proponho procê. Meu lazão nu seu bragado”.

“Virgi santa, aceito não, ói cumé quesse bicho tá cansado”.

“I cavalo lazão careta, homem chamado Garcia, muiê di viria funda, credo em cruz, Ave Maria”.

“Diz isso não sô, é di trabaiadô qui é... homessa”.

“U bichu tá inté disbotandu”.

“Ocê dá um geitim nele, dá um brio, sortá nu pasto qui viceja de novo”.

Um roceiro se aproximou e foi logo dizendo...

“Tarde, arguém já viu um qui pareie cum essi melado caxito, tantu bão qunto bunitu”.

“Melado? Mecê qui deu cor nele, homi”.

“Orá cumpadi, essi bichu num tem defeitu não, passeie ele pra vê”.

“Pois intão mi dexe vê”.

O caipira se aproxima do animal que abre a boca e tenta mordê-lo no braço.

“Num tem defeitu, credo sô, se mordê num é defeitu... Deus mi livre dessi bichu”.

“Antes valenti e mordedô, que cum pavô di foguetada, qui nem uns qui vi hoje”.

“Antão tá, i esse pangaré ocê qué?”.

“Tá loco, seo! Cavalo pangaré, gente de Tarbaté, muié que mijá em pé, libera nois domine”.

Os forasteiros saíram sorrindo e comentando...

“O fala difícil!”.

Um dos caipiras olhou pros risonhos e comentou com os parceiros...

“O povin armufadinha... nem cumprimenta só”.

Logo adiante Quinquim avistou uma quitandeira "Maria Minera" que caminhava em direção a igreja e dizia...

“Doces, salgados, doces, salgados...”.

Ela vendia doces em frente à matriz.

“Qui tem de bom ai senhora”.

“Tem queijo, tem cidra, tem marmelada da terra”.

“Eu quero marmelada”. Pediu seu Quinquim.

“Mecê não vai se arrepende”.

Ele experimentou, olhou para os amigos com satisfação e deu um naco para cada um dos companheiros... que provaram e acabaram comprando um pra cada. E saíram deliciando a famosa marmelada de Taubaté.

Partiram debochando...

“Nois quase qui nun intendi a cunversa dessa genti... mais qui a marmelada e boa!... ah!... isso é!”.

Homenagem a Maria Mineira

Marcos Pestana
Enviado por Marcos Pestana em 07/07/2011
Reeditado em 07/07/2011
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