082 – UM BEIJO DE MACHU...

Pra não falarem que eu não falei de pescarias, certa vez voltando de uma pescaria lá no Mato Grosso, passamos por Campo Grande, Três Lagoas, ao aproximarmos da divisa com o estado de São Paulo, nas proximidades da Represa de Ilha Solteira ainda em território matogrossense fomos parados por comandos da polícia rodoviária e florestal.

Após a verificação de nossos documentos, um guarda florestal cismou de fazer uma operação pente fino em nossos peixes, começou a medir o comprimento de cada peixe e com aquela calma que irrita qualquer cidadão que está há mais de mil quilômetros longe de casa.

Este guarda florestal possuía um bigodão que em tudo lembrava o bigodão do filosofo alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche, e entre os meus colegas de pescaria havia um apelidado de Chico Capeta, e fazia jus ao seu apelido, baixa estatura, careca, perninhas tortas, homem das encrencas, das artes, das folias, apesar da sua estatura vivia se metendo em brigas, logo logo começou a arreliar com o guarda por diferenças nas medidas dos peixes, quando o guarda insistia que determinado peixe estava aquém da medida, que seria apreendido, o Chico Capeta esticava o peixe até que ele atendesse às medidas mínimas exigidas, e as coisas foram esquentando até que em certo momento o Chico Capeta irritado não se conteve, inesperadamente agarrou o guarda imobilizando-o:

- Coisa fofa! Vou dar uma beijoca neste seu bigodão assim você se acalma!

O guarda esperneava, gritava por socorro, logo fomos cercados pelos policiais que prontamente algemaram o Chico Capeta e o prenderam por desacato às autoridades!!

Nestas nossas andanças já vivenciamos tantos problemas que ficamos traquejados em lidar com essas situações, me aproximei do Chico Capeta:

- Você esta fudido, vão te levar para a cadeia lá na cidade de Três Lagoas, nós vamos pra casa, você ficará uma boa temporada por lá aprendendo a se comportar! Você só tem uma saída!

– Pelo amor de Deus, diga logo, faço o que você mandar para não ficar aqui preso!

– Lembra-se quando eu falei pra que não bebesse, bêbado tem dessas coisas, gosta de fazer gracinhas, só que esta gracinha vai te custar um bom tempo no xadrez!

– Diga logo o que eu tenho que fazer, pelo amor de Deus!

– Você agora é um viado, um gay, um gaysão, bicha loca por homens bigodudos, você tem que se comportar tal qual um boiola!

Fui conversar com o comandante:

- Senhor comandante venho implorar pela liberação do meu companheiro!

– Impossível! Ele agrediu o soldado!

– Não é bem assim Senhor Comandante é que o meu companheiro é viado, gay, um boiola, e tem uma tara por homens bigodudos, ele só queria dar uma beijoca naquele bigodão!

– O que?? KKKKKKKKKK, o comandante não se conteve deu uma baita gargalhada, sendo acompanhado por todos os seus companheiros, o Chico Capeta vez outra derramava olhares ardentes para o guarda bigodudo, insinuava beijocas, desmunhecava...

– Então é isso?

– Claro que é, o meu amigo ao ficar às sós com o guarda não resistiu àquele bigodão e atacou! Não houve agressão alguma!

O comandante, homem educado, gozador, mandou que tirassem as algemas do Chico Capeta, passando a mão na sua careca o aconselhou:

- Seu boiola, o bigodudo é casado e se a mulher dele ficar sabendo deste caso ela é bem capaz de arrancar aquele bigode no tapa.

Escolhi um belo peixe, um cachara e presenteei o comandante que ficou muito agradecido e este perguntou ao Chico Capeta:

- E pro bigodudo você não vai dar nada?

– Ah seu comandante o que eu quero daaaar ele nãããão queeeer!! KKKKKKK foi uma gargalhada geral, o Chico Capeta em requebros presenteou o guarda bigodudo com um pacu caranha, mas sem arriscar uma beijoca, se conteve!

Só sentimos aliviados quando atravessamos o rio Paraná e adentramos ao estado de São Paulo rumo a nossa querida Igarapava, “A TERRA DO PAU DOCE”.

Assim que o acontecido de boca a boca espraiou em nossa cidade, o Chico Capeta com a sua masculinidade ameaçada, desmentia em altos brados, jurava por todos os santos que tudo aquilo era pura invenção da turma só para sacaneá-lo, mas em nada adiantou as suas ameaças, vez outra alguém pedia para que ele fizesse uma demonstração de como conseguiu se livrar dos guardas lá no Mato Grosso.

Magnu Max Bomfim
Enviado por Magnu Max Bomfim em 12/07/2011
Reeditado em 24/11/2016
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