TIA FILÓ, MÃO DE VACA

TIA FILÓ, MÃO DE VACA

Autor: José Gomes Paes

Ano passado estive em Urucurituba, cidade do baixo Amazonas, conheci um cara que depois se tornou meu amigo e ele me contou vários causos, teve um que me chamou mais atenção. Ele tinha uma Tia que se chamava Filó e o seu tio, esposo de dona Filó, chamava-se Teófilo. Pois é, conta o Edimar que os tios dele eram bem de vida, tinham muitas cabeças de boi, cavalos, carneiros e outros tipos de criação em sua fazenda, localizada no lugar chamado Varre Vento. Meu tio era muito bom, mas a titia era uma víbora daquela mais venenosa, brigava com parentes, vizinhos, amigos; era uma fofoqueira intermunicipal, porque a sua fofoca viajava de uma cidade para outra; era mal amada, sem sal mesmo; agora o maior de seus defeitos era que sovinava muito as coisas que tinha, partilhar no seu entender era sinônimo de nunca, ela nunca ouviu falar nessa palavra ou se ouviu não procurou compreender.

Era o contraste do titio Teófilo que era um homem bom, tinhas muitos amigos na redondeza, mas quase não o visitavam, devido à titia Filó que os barrava logo na entrada da fazendo, alegando um ou outro motivo que fazia com que desistissem das visitas.

Conta o meu amigo Edimar, o titio dava muitas festas, matava bois e distribuía com os vizinhos e parentes, principalmente no dia do seu santo devoto.

Certa vez, o titio no dia de seu aniversário, pois iria completar 50 anos, se propôs a fazer uma festa bem grande, a maior festa de toda a redondeza de Varre Vento. Mandou matar varias cabeças de gado para comerem e distribuir com as famílias próximas. Foi aí que a Tia Filó, muito contrariada com tudo o que estava acontecendo, resolveu proceder de maneira mesquinha mesmo, se postou na porteira da fazendo com um tremendo facão na mão.

Todas as famílias que ganhavam um pedaço de boi na saída, a Tia Filó com seu facão amoladíssimo de cortar tucumanzeiro, retirava mais da metade da carne que as pessoas levavam, com isso ficava retido a maior parte do boi distribuído.

O fato foi comunicado ao tio Teófilo dando uma confusão danada que quase acaba com a festa.

Este é um fato que eu jamais esqueci e todas as pessoas sovinas que eu conheço, eu chamo de Tia Filó.

Quanta quantidade de ignorância tinha a tia Filó, que até a esmola sonegava à igreja, como diz o ditado: “ela só abria a mão para dar adeus”.

FIM

José Gomes Paes
Enviado por José Gomes Paes em 16/07/2011
Código do texto: T3098583
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