O BOI DO DIVINO ESPIRITO SANTO

Autor: José Gomes Paes

03/08/2011

Certa vez aqui em Manaus, houve um bingão de uma comunidade cristã, contendo vários brindes. Um dos prêmios era um boi em pé, vivo, de uns seus 130kg. A comunidade foi logo avisando que a responsabilidade pelo boi a partir do sorteio era do ganhador. No final do bingo, quando estava tudo calmo, isso por volta da 1h da madrugada, o ganhador resolveu levar o boi pela rua, talvez morasse bem próximo da comunidade, quando o boi se soltou do laço e saiu em disparada pelas ruas do conjunto residencial que fica bem próximo da comunidade, depois pegando a avenida principal e se embrenhou em direção ao centro da cidade.

Esse fato me lembrou um caso ocorrido no interior. No interior os moradores têm muita fé nos santos, principalmente no santo padroeiro da cidade, isso já vem como herança de pai para filho, em todas as cidades tem o seu santo padroeiro e todos os anos fazem aquela festança de dar inveja, com leilões, bingos, comidas regionais e muitas outras, em homenagem ao santo.

Isso acontece devido que há uns tempos atrás, não havia médicos, medicamentos, nem mesmo hospitais na cidade e se tratavam das enfermidades com remédios caseiros, pessoas mais entendidas que se passavam por médicos, parteiras e com os milagres que os santos faziam por isso essa devoção aos santos, que vem perdurando até os dias de hoje.

Pois é, conheci uma cidade do interior em que o santo padroeiro é o Divino Espírito Santo, aconteceu um fato que merece toda a nossa atenção. Havia um pequeno criador de bois, nasceu em sua fazenda um bezerro que foi rejeitado pela mãe, não se alimentava e estava na beira da morte, o criador o trouxe para cidade e resolveu cuidar ele próprio do bezerro, chegando a um ponto que perdeu todas as esperanças e foi aí que fez uma promessa ao Divino Espírito Santo padroeiro da cidade, prometeu que se o bezerro ficasse curado daria uma banda ao Santo Divino.

Foi então que aconteceu o milagre, no outro dia o boizinho já estava muito melhor, passou mais um dia já ficava de pé, no terceiro dia saiu correndo pelas ruas da cidade. Esse milagre o criador atribuiu ao Santo Divino Espírito, o tio Homero bem que diz: “A promessa que você faz ao Divino Espírito Santo deve ser cumprida a risca, porque senão será castigado”.

Com o passar do tempo o boi foi crescendo e se encorpando, chegando a um boi adulto, um reprodutor de uns 400kg. O dono sabia que a sua metade pertencia ao Santo Divino.

Estando próximo ao dia de festejo do padroeiro, o criador resolveu doá-lo, não só a metade, mas todo o boi ao Santo Divino para que fosse colocado em leilão e assim foi feito.

Nos festejos tudo que é doado é posto para venda, os bois, porcos, carneiros, é feito um curral, onde ficam em exposição, só no final da festa são retirados pelos ganhadores.

No outro dia após o final da festa, o ganhador do reprodutor decidiu retirá-lo, só que o laço ficou frouxo e o boi balançou a cabeça e o laço saiu, o boi saiu em disparada pelas ruas da cidade, chegando à praça principal, saiu correndo novamente em direção Igreja, a porta estava aberta e foi entrando, indo parar no altar, deixando muitas pessoas assustadas com o que estava acontecendo, depois de alguns minutos, virou-se de frente para as pessoas e saiu novamente em direção a porta principal da Igreja.

Na saída já estavam preparados com o laço e pegaram o fujão, levando para o barco que levaria para a fazenda do ganhador.

O seu João ex-dono do reprodutor sabia o que o ele fora fazer na Igreja. Diz o seu João: “Com certeza, foi agradecer ao Divino Espírito Santo por ter sido salvo por ele, isso ninguém pode negar da sabedoria dos bichos, se eles reconhecem e agradecem tudo o que o seu dono faz por eles”.

Depois desse episódio, o reprodutor passou a ser mansinho, entendia tudo o que seu dono falava e pedia. Pedia para ele deitar, deitava. Pedia para ajoelhar, ajoelhava. Pedia para fechar os olhos, fechava. Pedia para mexer com as orelhas, mexia. Tudo o que seu dono o mandava fazer, fazia. Apresentava-se em festas nesses beiradões amazônicos.

Pela sua história e reconhecimento das pessoas que tem fé e acreditam, ficou conhecido como “O BOI DO DIVINO ESPIRITO SANTO”.

FIM

José Gomes Paes
Enviado por José Gomes Paes em 03/08/2011
Reeditado em 18/08/2011
Código do texto: T3137729
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