Manuel, bom pai.

Manuel teve quatro filhos, pouco se sabe dos nomes ou se meninos ou meninas eram seus filhos.

Manuel, bom pai foi, na felicidade que sentia na vida via a graça de cada um dos quatro. E apelidou o primeiro, meio que por destino de boneco ou boneca. De pano. O segundo por ciúmes também queria ser chamado de boneco ou boneca. Por sua vez o bom pai optou por porcelana, o terceiro e o quarto em vontade recíproca, de plástico e carne e osso. O bom pai experiente nem ousou ter um quinto, pois de ferro ou qualquer outra coisa nem o quinto merecia, sem contar que as finanças não seriam permissíveis. Manuel era bom pai e sabido.

O destino foi ligeiro, escancarou a Manuel a ironia que demanda o Destino.

Em reunião com os quatro, prestes a falecer, perpetuo-se num discurso poderoso.

Dizia aos quatro que trocavam olhares inovados numa união que nunca tiveram até que as ultimas palavras do pai terminassem.

- Boneco de pano, tua vida é tão fria como o pano, que se molda e aceita sem pensar nas escolhas e açoitos, ofensas que abatem.

- Boneco de porcelana, tua vida é tão marcada como porcelana que se molda e petrifica e aceita sem pensar nas escolhas e ações, ofensas que abatem.

- Boneco de plástico, tua vida é tão flexível que marcada como plástico, que se molda e se molda e aceita sem pensar nas escolhas e açoitos, ofensas que abate e relança.

- Boneco de carne e osso, tua vida tão envolta, tem o pano, a porcelana, o plástico, vive em ferro o aprender com o que tem, aceita com o pensar, cicatriza, faz escolhas pros açoitos e ofensas compreender e abate o que acredita no relance do bem querer ou aprender. Te em falta apenas o lecionar, aos seus irmãos toda boa cura pra feridas.

Manuel entra em crise, tosse, cospe, falta ar, assusta os bonecos e quem lamenta aos choros sem parar é o quarto, senão quem puxa o primeiro, o segundo e o terceiro no lamento pela perda. Manuel, bom pai que foi se foi.

Ninguém se faz boneco, destino quer da gente o sangue que segura a carne no osso, destino quer excelência e passagem, doutrina, cobra da gente consciência dos pensamentos que temos, seleção não desconfiança do que queremos e temos. A ironia vem sarcástica, mas trás uma coisa, a chance, de olhar pra dentro e trazer pra dentro e pra fora a energia que renova, da a excelência que segura a carne no osso, que precisa correr no sangue pra transparecer e contagiar. Afinal Manuel bom pai disse isso, e boneco de carne e osso lecionou quando chorou e convenceu a todos.

MUTATIS
Enviado por MUTATIS em 12/09/2011
Reeditado em 12/09/2011
Código do texto: T3214843
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.