ESSA ERA MARIA, UMA FIGURA!

Na década de 80, eu sempre ia passar férias em Salvador, e ficava no apartamento de uma tia, onde ela morava com os filhos. O mesmo fica localizado na Barra, perto da praia. Nessa época, Maria, a moça que fazia os serviços domésticos, sempre que ia comprar pães no final da tarde, voltava suja de areia, e quando questionada sobre o atraso, respondia sempre com uma desculpa na ponta da língua. Não sei como não se perdia com tantas mentiras, porque a cada dia, era uma diferente. Um certo dia, um amigo me convidou para jantar, e enquanto aguardava que me arrumasse, a dita cuja, foi para a sala conversar com o rapaz. Para minha surpresa, encontrei Maria, toda pintada ou melhor dizendo, com a cara toda borrada e com uma peruca assanhadíssima. Não me contive de tanto rir e chamei meus primos para ver aquela astúcia.
O rapaz coitado, todo sem graça saiu, sem mencionar nada da cena. Até hoje me pergunto o que ela teria conversado, que asneiras teria falado.
Noutro dia ao chegarmos em casa, vindo com a turma da praia, a encontramos dormindo. Em toda turma há um engraçadinho, e em nossa turma havia um desses, que chegando na porta do quarto falou: aí, hein Maria, dormindo nos braços de Morfeu! Ela enlouqueceu! E disse: ô seu moleque, me respeite, que não tenho homem nenhum, muito menos esse Morfeu.
Foi uma confusão danada para explicar que Morfeu era o Deus do sono...
Ela ficou muito tempo sem falar com nosso amigo que nunca deixou de cumprimentá-la, sempre que aparecia, e isso era constante. Ela arrebitava a cara, se embalançava toda, e saía.

Essa era Maria!

Vera Jacobina
Enviado por Vera Jacobina em 23/10/2011
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