O CÔCO RACHADO
Certa vez, estávamos as três brincando na gangorra. O brinquedo era feito de pneu velho, amarrado com uma corda bem forte em um portal, feito com três pindaíbas. Mãe era daquelas que não se importava com a prática de esportes radicais. É claro que ela tinha um limite, mas nunca chegamos a atingi-lo.
A gangorra era nosso barco. Fazíamos aquela muntuêra sobre ela e ficávamos naquele vai e vem de risos, gritos e empurrões. Não sei o que era mais divertido, se eram nossos comentários e brincadeiras ou se era o frenesi da gangorra com aquela algazarra sobre ela.
Uma de minhas irmãs, a que estava sentada na gangorra, se abaixou demais e acabou arrastando a cabeça no chão. Entramos em pânico. Pensamos que ela havia rachado a cabeça. Isso porque minha mãe sempre nos alertou que a cabeça era como um côco grande. Se batêssemos com muita força, o côco rachava. Graças à Deus foi só um pequeno arranhão que logo parou de sangrar. Ficamos todas bem, mas na minha cabeça, por muito tempo, ficou a imagem daquele côco rachado.