Ditinho. Burro eu?

Ditinho. Burrinho eu?

Ditinho, como toda semana, repetiu o que já fazia há meses. Mudava seu caminho de volta para casa, passava no botequim do seu Sauro.

Lá tropeiros costumavam passar todas as sextas e quando ditinho chegava, só de olharem, caiam na risada.

Tonhão às gargalhadas dizia aos tropeiros que paravam ali pela primeira vez:

Olha ai pessoal, o burrinho falante!

Ditinho nem ligava, sorria...

Para muitos uma grave ofensa, uma humilhação.

Tonhão se virava para os companheiros e cochichava...

Ai pessoal quer ver como o bicho é besta... E os curiosos acenavam um sim.

Tonhão tirou do bornal duas moedas, uma grande de quatrocentos reis e outra menor de dois mil reis. Com a voz grave e rouca indagou Ditinho...

Burrinho vem cá, escolha aqui entre estas duas moedas a que você quer!

Ditinho sem titubear escolhia a maior, contudo de menor valor.

O pessoal dava risada, pedia mais uma rodada de aguardente, de lembrança pra casa levavam goiabada e muita risada.

Ditinho de cabeça baixa virava e partia.

Nesta vez, seu Sauro agiu diferente, pediu licença aos clientes e correu atrás do menino, ao alcançá-lo, intrigado perguntou...

Não se importe não com o que pensam de nós, o maior prazer do perspicaz é bancar o palerma, na frente de um bobo que crê ser esperto.

Marcos Pestana
Enviado por Marcos Pestana em 10/02/2012
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