A Desgraça da Cumadre
 
Foi um dia muito triste na roça, seu Zé Bento teve um ataque e morreu de repente.
“Agora arguém tem de ir avisar a pobre da viúva.”
Claudomiro, amigo de Zé Bento logo se prontificou:
“Pode dexa gente, Zé Bento mais eu era cumpadi, é minha obrigação ir dá a nutiça.”
E foi Claudomiro a casa de Dona Fatinha, esposa de seu Zé Bento. Ele já a encontrou esperando na varanda, vestida com um vestido comprido.
“Oi cumadi Fatinha, eu vim por que aconticeu uma coisa muito ruim mermo.”
“Fala logo cumpadi, num vai mi dizê que aconticeu arguma coisa cum o Zé? Ele num anda bão do coração não.”
“Oiá cumadi, eu vou falar di uma veiz então: cumpadi Zé Bento teve um ataque lá na roça e num guento, faleceu coitado.”
Dona Fatinha ficou abalada com a notícia e começou a chorar, chorou tanto que levou as mãos ao vestido e puxou uma boa parte dele para enxugar as lágrimas.
“O cumpadi Claudomiro”, dizia ela segurando a barra do vestido junto ao rosto, “ o sinhô já viu uma disgraça tão grande?”
Cumpadi Claudomiro apenas olhou para a parte antes coberta pelo vestido e respondeu:
“Ô cumadi, desse tamanho só de vaca.”

 
***
Obs.: eu tinha publicado primeiro como humor, mas eu decidi mudar porque na verdade esse foi mais um "causo" que me contaram por aí. Abraços. 
Luciano Silva Vieira
Enviado por Luciano Silva Vieira em 19/05/2012
Reeditado em 21/05/2012
Código do texto: T3677149
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