À Erva do Diabo.

Minha fascinação pelo mundo artístico começou com os circos mambembe que passavam pela Vila de São João do Oriente,hoje cidade no interior de Minas Gerais. Dentre os circos que passavam por lá, o circo do Risadinha foi o que mais me marcou. Os nomes destes mambembes eram através dos seus palhaços, circo do Pelanquinha , do Chumbrega , do Carinhoso e tantos outros que não me recordo no momento. Minha lembrança ficou mais marcada com o circo do Risadinha por ser nele o meu primeiro amor platônico por uma deusa de ébano. Era uma excelente trapezista, até planejei ir embora com o circo, minha esperança era trabalhar e ter o convivo com ela para tentar conquistar seu coração, pensamento de adolescente, mas meu pai impediu tal aventura, era de menor.

Foi nesse circo no último dia de apresentação, fui chamado ao palco para imitar o grande artista de rádio e cinema Zé Trindade. Agradei tanto que despertou –me o desejo pela arte de representar, coisa impossível para um jovem com apenas um terceiro ano primário.

O que narrei até agora nada tem haver com À Erva do Diabo, mas daqui pra frente será sobre ela. Nesse circo tinha um grupo de teatro e apresentavam diversas peças, mas uma marcou-me psicologicamente muito. O título da peça era Maconha, ás chamadas eram com fundo musical impactante e dramático, o locutor com voz de trovão, anunciava assim:- “Maconhaaaaaaaaaaa, o veneno verde, à erva do diabo, uma história cheia de dramaticidade, você vai se emocionar, não percam!...”.

Fui assistir, era à história de um rapaz de família rica, atraído pela à erva do diabo, acabou-se em um verdadeiro farrapo humano. Tinha lances de briga e prisão. O viciado morreu abandonado num canto de rua. Aquilo impressionou-me muito. Poucos anos depois, matuto no Rio de Janeiro quando alguém oferecia-me uma (puxada) aí lembrava da peça e nunca experimentei . Engraçado, naquela época usei lança perfume nos carnavais sem o menor peso de consciência, hoje virou crime. Atualmente maconha é fichinha diante do craque, até há um movimento para libera-la.

Não faço uso de drogas, mas isso não me faz melhor de que os usuários. Não me encantei por elas por ser prejudicial à saúde do corpo, do espírito e do bolso.

Lair Estanislau Alves.

Sô Lalá
Enviado por Sô Lalá em 07/07/2012
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