O CINZEIRO GIGANTE

Ao acompanhar pelas comunicações internas da fábrica, referentes à importante campanha “No Smoking” de conscientização sobre o uso do tabaco, lembrei-me de um companheiro que já nos deixou.

Ele era supervisor da oficina de manutenção pneus da fábrica de Santo André.

Era um fumante inveterado, daqueles que acendiam um cigarro atrás do outro.

A única coisa em comum que eu tinha com ele era a amizade, mesmo porque eu nunca fumei, e tentava em vão, fazê-lo desistir daquele vício.

Em 1989 após longos anos de dedicação à empresa, e um pouco debilitado, esse nosso companheiro decide se aposentar.

Sendo ele muito querido entre os seus companheiros de trabalho, nos reunimos e decidimos fazer uma homenagem surpresa.

Na época eu era torneiro mecânico da oficina central da Pirelli Pneus e fui procurado pela supervisão para confeccionar uma peça nada convencional: Um cinzeiro gigante!!!

A matéria prima para fazê-lo era de madeira de lei, com um diâmetro aproximado de 60 cm por 10 cm de altura.

Dentro do cinzeiro, na parte central foi encaixada uma placa de acrílico com o nome do contemplado e os seguintes dizeres:

“ Os Colegas da Oficina de Manutenção Advertem: Fumar é Prejudicial à saúde”.

Me encomendaram também para fazer um quadro emoldurado, com a caricatura do homenageado fumando dentro da sua cabine, de onde saia muita fumaça, e uma terceira pessoa contatando o pessoal do corpo de bombeiro que vem em disparada com a sirene ligada, pensando tratar-se de um incêndio.

Programaram para o nosso companheiro, um almoço no Restaurante Rosas, onde também seriam entregues o quadro e o cinzeiro.

Todos ali reunidos fazem a entrega do quadro e do cinzeiro.

Emocionado ele diz: Obrigado, vou fazer bom uso deste cinzeiro.

Não era essa a nossa intenção, nosso desejo era que aquele cinzeiro fosse apenas um objeto de decoração e para que quando ele lesse as sábias palavras nele gravadas, desistisse daquele vício terrível.

Infelizmente pouco tempo depois ele nos deixa, acometido por uma doença incurável.

Com este causo tento sensibilizar os fumantes, que nos deixam tão cedo, ficando apenas a saudade.

Termino com um verso de uma poesia de minha autoria:

“Eu lhe escrevo com o coração

Te peço em ritmo de trova

Deixa o vício meu irmão

Porque a vida não é uma droga”.