Causos do meio-dia
Dois caipiras moderninhos, com seus celulares a tira colo, usavam estes para fazer ligações em último caso, coisas da globalização, encontram-se em frente à igreja de São João do Pau Oco. Debaixo de um duro sol, cumprimentam-se com leves batidinhas nos ombros.
- Oh Zé... Tudo bem?
- Tudo, Chico!
- Zé, que engraçada que esta tal de ciência, né?
- Por quê?
- Uai... Estes dias, tava eu, lendo uma revista sobre este negócio de genética. Lá, tava falando que misturar gente é bom. Pois, o que um tem de errado o outro ou outra corrige na hora de fazê o fio...
O amigo caipira não entendeu nada e piscou umas sete vezes olhando fixo para o outro que estava animado da descoberta.
- Assim oh... Eu explico. Cê tem pobrema na visão, ela corrige na hora de ter o fio. Cê tem alguma doença, ela corrige também. Resumindo... Ela é oposto de você, tendeu?
O amigo sorriu e pareceu finalmente entender.
- Chico, mudando de assunto... E sua mulher? Faz tempo que não vejo a Lucinha...
Amuado, o companheiro Chico torceu a boca e abaixou o tom para falar.
- Ahhh Zé... Ela tem uma vida agitada. Mal para em casa. Assim que ela termina de ensinar na faculdade vai direto para o consultório, depois participa desta bobeiragem de ser modelo.
O compadre, rindo, bate nas costas do amigo.
- Mas, Chico... Conversa com ela assim que chegar. Pedi pra fica mais um tico em casa com você.
- Não! Tá louco?!
- Por quê? – Ainda assustado o compadre –
Eu nem quero isto, Zé. Ela vira macho quando chega em casa!