O FANTASMA DO PASTO DO VICENTE

Naquela noite de lua cheia, muita gente corria quando passava no pasto do Vicente.

A origem deste nome é um pequeno pasto que o Sr Vicente tinha nas proximidades da cidade e era servido para que o dono colocasse algumas vacas e bezerros nele.

Quem se aproximasse, em noite de lua cheia, tinha uma grande surpresa. Mais ou menos próximo a moita de bambu, aparecia um fantasma semelhante a um lençol, muito branco, de cores tão cintilantes, onde o branco era mais branco.

O Zebrão, apelido a um vizinho bem mais antigo da cidade, tinha fama de ser muito corajoso. Correu muito na última semana, quando voltava de uma pescaria no rio da Prata.

Era um espanto geral. Ninguém queria passar no pasto do Vicente em noite de lua cheia. Nem pescador, nem caçador de tatu, tão menos pessoas que amavam passear na noite e, sem dúvida , jamais queriam ver o fantasma.

Houve uma reunião na cidade e esta decidiu que pelo menos dez pessoas iriam verificar o fantasma no pasto do Vicente, mas no dia e horas certos, ninguém apareceu, nem mesmo o presidente da associação de Bairros, este um sujeito alto, forte, de bigodes brancos e usava sempre um chapéu preto.

Chamaram uma viatura da polícia, mas no dia exato a viatura quebrou e eles não foram.

Desta forma, foram várias semanas de lua cheia e o fantasma estava ali.

Um dia, Geraldo, um mascate que andava por aquelas redondezas perdeu as caronas e teve que vir a pé. Bem, com um carrinho de pedreiro cheio de bananas, laranjas, ovos, doces e outras coisas que ele comprava das pessoas que moravam naquela região, Geraldo pôde sair e atrasou muito na volta.

Por coincidência, era noite de lua cheia. Alguns diziam para ele ter cuidado com o fantasma do Pasto do Vicente, mas ele, meio medroso ou com um pouco de coragem, nem quis dar atenção. Muitos perguntaram para ele se tinha medo, mas ele sempre respondia que estava na presença de Deus, sendo sua melhor e maior companhia, e jamais teria medo.

Quando aproximou do determinado lugar, Geraldo olhou e viu o fantasma do lençol. Não teve jeito e queria correr, mas lembrou se corresse o carinho com as coisas ficaria para trás e seu lucro iria embora. Portanto, sem pensar muito, resolveu enfrentar o caminho. Suas pernas tremiam tanto. Seus olhos fixos e as mãos trêmulas e o cabelo meio grisalho de pé, foram andando, mas parecia um espantalho morto vivo, mas sem coragem e com a única alternativa de passar perto do fantasma do pasto do Vicente.

Sua surpresa foi maior, porque estando passando perto do suposto lençol, viu que era uma moita de gabiroba ( frutinha que existe no serrado ) e ela estava cheia de flores. Quando o vento soltava rajadas e a proximidade do mês de setembro, dava a impressão de que um lençol saia flutuando pelo pasto a fora.

Assim, estava descoberto o fantasma do pasto do Vicente.

Geraldo ganhou fama de ser um homem muito corajoso e vendeu todos os seus produtos nas semanas seguintes.

JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO
Enviado por JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO em 01/06/2013
Reeditado em 21/06/2016
Código do texto: T4319479
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