"Antonio - o caçador"

Autor: José Gomes Paes

Em: 04/06/2013

Ontem à noite, Antonio já preparou os apetrechos de caça. Levantou cedo enrolou a rede tomou café com uma banana pacovã que sua mulher havia cozido. Os 4 vira-latas latiam e balançavam o rabo, pois já sabiam da intenção de seu dono. Após o café, Antonio pegou a espingarda, o facão, uma lata com cartuchos, chumbo, pólvora, outra lata com um pouco de farinha colocou em uma sacola e despediu-se da mulher. Tomando rumo da mata, passou pela sua roça, que fica atrás da casa na beira do rio. Os cachorros tomaram logo a iniciativa e se espalharam a procura da caça. Antonio gosta muito de carne de Paca, por isso esperava matar uma. Tem dia que Antonio sai para caçar, anda horas e horas pela mata e não mata nenhum bicho, mas nesse dia Antonio esperava ser diferente, pelo menos uma Cutia havia de matar para se alimentar. Parou no igarapé tomou um pouco de água pura e fresca. Eis que de repente, os cachorros sentiram cheiro de algo e saíram em disparada mata adentro, Antonio tentou segui-los, precavido com a Onça que poderia aparecer, mas coitado ...tropeçou e caiu por 3 vezes nas raízes e cipós que ficam pelo chão da mata.

Antonio encontrou os cachorros cansados e agitados horas depois, perto de um buraco. Haviam encurralado alguma caça, poderia ser Tatu, Paca que tanto o caçador queria, ou Cutia, se abaixou para ouvir o barulho que vinha lá de dentro, descobriu que era Caititu. Logo o caçador colocou alguns galhos na porta do buraco para impedir a saída dos bichos e pegou uma vara comprida e meteu no buraco para irritar o Caititu. Quando o porco do mato não agüentava mais ficar lá dentro, saiu em disparada, ao sair do buraco, o caçador atirou matando-o na hora. Havia outros porcos no buraco, mas o caçador só queria matar um para saciar sua fome e foi embora. O caçador tem consciência e respeita o “Curupira” fantasma cabeludo da mata que castiga quem abusa da caça.

No caminho de volta em sua picada, o caçador pegou também um Jabuti para comer, pois sua mulher adora está caça cozida com macaxeira e banana.

Mesmo que não existisse Curupira, seria bom que Antonio não mate mais caça. Antonio assim como outros habitantes do interior, depende muito da carne de caça para alimentar sua família, o caçador não tem dinheiro para comprar carne de boi, mas eles sabem que tem que preservar, pois se abusasse da natureza acabaria a caça e ele sentiria a falta de carne para comer.

Todos têm que preservar a mata para dar abrigo aos animais como Anta, Queixada, Caititu, Cutia e Jabuti. Diz o seu Antonio: Só assim teremos condições de saborear carnes saudáveis e com isso melhorando a nossa saúde.

Gosto muito de peixe, mas uma carne de caça de vez em quando é muito bom. Um dia li no jornal esta frase: “Começamos a dominar a natureza quando passamos a obedecê-la”, é nessa frase que eu me inspiro, diz seu Antonio - o caçador.

José Gomes Paes
Enviado por José Gomes Paes em 05/06/2013
Reeditado em 08/06/2013
Código do texto: T4325985
Classificação de conteúdo: seguro