SÓ UM DRINK

Quando foi diretor do Hospital Regional de Arcoverde, existia um funcionário alcoólatra cujo nome não posso mencionar, mas, neste relato vai com pseudônimo de Arquimedes. Pois bem, o Arquimedes bebia todos os dias e o dia todo. Era um rapaz prestativo, educado, cumpridor dos seus deveres, enfim, só era ruim prá ele mesmo. Pelo fato de ser boa gente havia um médico que gostava muito dele e vivia insistindo para que ele deixasse de beber sem obter êxito. Foi daí que surgiu a idéia de fazer uma espécie de chantagem. Chamou Arquimedes ao consultório e depois de conversarem bastante sem nenhum resultado positivo, partiu para o plano elaborado. Tudo bem, Arquimedes, então vamos fazer um pacto comigo ? Topa ? Ele respondeu que sim desde que não parasse de beber. Não, você não cai parar de beber: respondeu o médico. Você vai continuar bebendo, mas só um drink antes do banho. Topa ou não topa ? Topo. Respondeu Arquimedes. O médico agradeceu a atenção dele, se despediram e Arquimedes foi embora. Isso era mais ou menos nove horas da manhã. Só que ao invés de ele para seu setor de trabalho, passou direto e sumiu. E haja todo mundo a procurar Arquimedes e nada. As onze horas pedi para um outro funcionário ir até à casa dele saber se ele estava – ele morava sozinho – chegando lá o rapaz encontrou a porta apenas encostada, chamou por ele e nada... entrou e saiu procurando pelos cômodos da casa. Encontrou Arquimedes sentado à bacia sanitária nu, com um copo meio de cachaça na mão, e um litro já quase vazio no chão. Ai o rapaz perguntou: Ô Arquimedes, o que é que você está fazendo ? O que o médico mandou. Respondeu. Ele disse que era prá eu beber só quando fosse tomar banho, é que eu estou fazendo. Já tomei 18 e vou tomar essa lapada para entrar no décimo nono. Oito meses depois, Arquimedes partiu para o andar de cima.