O A-E-I-O U-ÃO na rodoviária

Ônibus entram e saem. Pessoas sobem e descem. Frenético. Não importa a cidade, ou se a rodoviária cobra 3 ou 5 reais de taxa de embarque, é tudo igual. De fato, as pessoas são diferentes, e por assim dizer, únicas.

Sentado nos bancos de qualquer uma dessas rodoviárias, a gente encontra pessoas de todos os jeitos, formas, com todos os pensamentos e de todas as idades.

A- Alina. 2 anos. Alina, uma criança extraordinária. Linda, esperta. Refém do meio em que vive, de certo não vinha de uma classe alta. Há de se ponderar. O que ela é hoje é o que pode se tornar. Ela não é agressiva, é um doce, mas bate e belisca. Reflexos do que fazem com ela. Provavelmente foi-se pelos meus dedos a menina que algum dia pode se tornar o futuro da minhas espécie. Ela é curiosa e por isso pode mudar o mundo. Uma outra garota, um pouco mais velha, estava lendo um livro. Curiosa, Alina pôs-se ao lado, atenta, vendo as palavras como se já pudesse-as compreender. Ah, que menina linda, que risada gostosa, que melodia. Essa é a pequena Alina.

E- Elisabeth. Com mais de 60 anos, apresento-lhes Dona Elisabeth, com nome de rainha essa querida senhora, pôs-se a falar do filho que viria buscá-la. Na verdade, ele não apareceu, os itinerários dos ônibus acabaram por se alterar, pobre Elisabeth. Com uma estranha pegou o celular emprestado, uma dessas pessoas aleatórias que surgem do nada e puxam assunto. Ao certo, sabemos que ocorreu tudo bem com ela, aliás não sabemos... Quem sabe? Não a vi depois desse episódio.

I- Ian. Sorrisos tem poderes. Mágicos, posso dizer. Ian era um desses meninos simpáticos que vivem na rodoviária de um lado para o outro. Que a rodoviária é a sua segunda casa. Não o observei por tanto tempo, mas Ian parece ser feliz.

O- Otávio. Se estou falando de rodoviária, nada custa falar do que acontece também dentro dos ônibus. Otávio conheceu uma doce menina. Ele estava lendo "O mundo de Sofia", e nela sobrava apenas vontade de ler. Ele fazia filosofia, ela queria qualquer outra coisa, talvez engenharia. Talvez fossem opostos. Talvez iguais. Naquele instantes eram humanos. A oportunidade estava ali. Sem compromissos. Kant assumiu o poder na fala de Otávio e a menina encantada, ficou calada. Conversas rolaram. Um beijo aconteceu. Uma relação efêmera. Eles nunca mais se viram. Uma viagem dentro do livro. Apenas, uma viagem.

U- Úrsula. Ela é aquela menina que é o exemplo (quase) típico de quem a gente conhece na rodoviária. Existe um perfil típico de viajantes? Quais são os do tempo?... Enfim, ela é curiosa, 23 anos de pura alegria. Inteligente. Advoga. Ela é boa no que faz, mesmo com um pingo de enrolação na sua vida. É de fato uma das pessoas mais legais que já observei.

ÃO- ... . É não se pode fazer um nome com essas iniciais. Mas é isso, ÃO, pensem o que quiserem desse cara. Ele é engraçado. Esperto. Inteligente. Sabe de tudo. Só sabe. É quase um guru, mas é melhor. Ele lida com números, amor e paisagismo. É uma mistura completa. Um ser humano perfeito. Por vezes é moleque. Simpático.

Pena que pessoas assim, a gente não conhece em viagens. Talvez tudo seja uma viagem.

Essa é em mais uma viagem, um alguém que possui o mesmo destino que você está ao seu lado. E agora vai dormir, deixando você com a dúvida da viagem. Se é pelo tempo. Se é entre cidades. Se é um livro. Se está lendo um poema. Ônibus.

Júlia Farolfi
Enviado por Júlia Farolfi em 23/10/2013
Código do texto: T4538276
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.