Pintura de José Rosário de Dionísio - MG
 
Ouvir histórias é importante para que a criança desperte o gosto pela leitura e escrita.  Contar e ouvir um causo aconchegado a quem se ama é compartilhar uma experiência incrível na descoberta do mundo das histórias e dos livros.
Quando o aluno escreve uma história contada por alguém da família, eles interagem acrescentando detalhes, personagens ou lembrando-se de fatos que passaram despercebidos pelo contador. Outro fato fundamental é o vínculo afetivo que se estabelece entre o contador e o ouvinte.
A publicação de hoje é um exemplo da interação entre netos e seus avôs. Obrigada ao senhor Onésio, avô do Henrique e ao senhor Rodolfo, avô do Luiz Augusto.
                 
O Carreiro Fantasma
 
     Meu avô me contou que no tempo do pai dele, havia um menino que adorava carros de bois. Na fazenda, toda vez que iam mexer com esse serviço ele estava no meio dos peões e dos carreiros. Para bem dizer, o tal menino foi criado em cima do carro de bois.
     O tempo passou e o menino cresceu com um dom especial para lidar com os bois e assim ganhou do pai um carro completo com uma junta de bois.  Ficou sendo o melhor carreiro da região.
     Nunca teve medo de nada. O tempo passava, ele foi ficando velho e cada vez mais sábio. Percorria sempre aqueles velhos caminhos do Chapadão da Canastra puxando todo tipo de carga.
     Um dia ele morreu e uma coisa muito estranha começou a acontecer naquelas velhas estradas... O povo dizia que nas noites de lua cheia  seu carro continuava a subir a serra mesmo sem os bois. Só se ouvia os gritos do homem, os gemidos do velho carro e mais nada. Porém nas manhas seguintes quem passava na estrada via o sinal de duas rodas na poeira dos caminhos.
     Ouvi dizer que até hoje carreiro viaja em seu carro assombrado espalhando seu canto nas noites enluaradas da Serra da Canastra.
 
Luiz Augusto
 
 O Diabo e os Carreiros
 
     Conta-se que perto de um brejo havia uma morada de diabos. Nesse lugar sempre passavam muito carros de bois e seus carreiros. Sempre que isso acontecia o bando de diabos corriam e deitavam-se na frente das rodas fazendo os carros encravarem no barro. Quando isso acontecia os carreiros xingavam muito e diabo gosta muito de xingamentos e nomes feios.
     Um dia estava vindo um carreiro e seu filho trazendo um carro muito pesado. Quando foram atravessar o brejo o homem falou para o filho:
     —Chama por Deus e a Virgem Maria que o carro passa!
     Os diabos que já estavam todos deitados e o carro foi passando por cima de todos eles sem encravar no barro.
Os diabos saíram desesperados e foram até onde estava o chefe deles para prestar conta da maldade que haviam feito naquele dia.

     —0 que fizeram hoje?
     —Não conseguimos fazer nada! Hoje passaram no brejo, um homem e um rapaz e antes de começar a travessia fizeram uma oração. Se eu não saio correndo da frente as rodas do carro teriam me partido.
     Desde esse dia os diabos nunca mais estiveram naquele brejo.
 
Henrique Braga
 

        
         Pintura de José Rosário de Dionísio
Maria Mineira
Enviado por Maria Mineira em 17/03/2014
Reeditado em 19/03/2014
Código do texto: T4732122
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