O massacre das gaiolas...libertando pássaros

Libertando Pássaros

Criança arteira e sem miolos

Era assim eu com meus 6 anos

A jogar bola em um cortiço

Causando pros vizinhos muitos danos

Um dia jogando bola no quintal

Acertei sem querer uma gaiola

O passarinho bateu asas e fugiu

Voou pra longe, foi-se embora

O dono do pássaro quando chegou

Veio como fera tirar limpo a estória

E eu assustada sem os pais por perto

Fiquei chorando com o furo na bola

Cortou com facas o meu brinquedo

Despedaçou sem dó pra de mim se vingar

Fiquei com ódio e jurei que um dia

Faria não só um, mas todos os outros voar

E esperei com calma o grande dia

O malvado tinha saído pra jogar no bicho

Tinha deixado uma arapuca pra pegar pardal

Matava os pobrezinhos na nuca com um estalido

Era daqueles trastes ruim mesmo

Jogava água fervendo no couro dos gatos

Gostava de fazer os bichos sofrerem

Era por certo um estúpido, um otário

Mas tinha por certo muita cuidado

Com os passarinhos que lhe faziam lucrar

Os pobrezinhos cantavam a tristeza

Eram pássaros bem caros que eu iria soltar!!!

E lá foi ele pra venda do seu Zé

Que boa oportunidade pra eu não perder

Pensei: é hoje não passa a minha vingança

Libertadora de passarinhos iria ser

E sem dó fui pegando gaiola por gaiola

Era na faixa de doze passarinhos

Abri a porta da liberdade pra cada um deles

Só um não saiu, preferiu ficar guardadinho

Meti a mão dentro da gaiola pra libertá-lo

Mais esse tava mesmo com medo do desconhecido

Entendi, pois tinha alpiste e o que precisava

Acostumou-se com o canto reprimido

Vi todos voando livre no espaço

Feliz da vida pois tinha percebido

Que pássaro de gaiola não voa, mas pula

De um canto pro outro preso e entristecido

Fiquei tão maravilhada com a minha peraltice

Que mal vi o bastardo de mim se aproximar

Tinha ódio nos olhos e balbuciava

Menina disgramenta eu vou te matar!!!

Me pegou pelo pescoço e foi apertando

Já perdia o fôlego, já não tinha mais ar

Ia desfalecendo nas mãos do meu algoz

Quando o irmão dele gritou pra me soltar

O bicho tava doido feito gato selvagem

Da boca se via até baba caindo

Viu seu belo dinheiro no céu livre voando

E eu escondendo o rosto feliz ainda sorrindo

Ainda hoje quando ele raro me vê

Lembra de mim como a soltadora de seus pássaros

Já eu lembro disso também, mas não me esqueço

Do meu brinquedo “a bola” que me tirou o desgraçado!!!

Desde aquele dia prometi a mim mesma

Que gaiolas jamais fariam parte de minha vida

E quando quisesse ouvir o canto dos pássaros

Abriria a janela e escutaria além da cortina....

Recado ao algoz: Desculpe pela peraltice, mas a culpa foi dos passarinhos, como estavam há tempos no teu cativeiro, pensei que não soubessem voar sozinhos, mas logo que abri a porteira da liberdade, os bichos bateram asas e voaram, eu disse pra eles voltarem, mas preferiram as cores do ceu à do teu alpiste, que culpa tenho eu???????

Auricélia Oliveira
Enviado por Auricélia Oliveira em 03/05/2007
Reeditado em 04/05/2007
Código do texto: T473929