Maria Bonita

Quando a vi não imaginava que seria amor à primeira vista. Olhar vago, introspectiva e extremamente valente. Que mulher guerreira! Ela era... era... uma espécie rara. Era mulher, mas Mulher com um “m” bem grande. Para mim, uma rainha, porém por ser nordestina e pobre, cada um “não nordestino” se acha no direito de julgá-la de forma depreciativa, mesmo sem nunca tê-la visto, convivido ou conhecido. Magoada e arisca ninguém conseguiu aproximar dela mais que eu.

Decidi que ela seria minha afilhada, protegida, mais tarde meu amor. Foi a melhor decisão tomada na minha vida. Porque depois dela tudo mudou. Não dava satisfação dos meus atos a ninguém. E com ela não foi diferente, ela tentou resistir, mas não adiantou. Caiu no meu laço, lutou bravamente . E desde então fui percebendo a grande mulher que tive ao meu lado. O meu coração durão não amoleceu com ela, mas aprendeu a ouvi-la, respeitá-la pela sua coragem. Acredito que do meu modo duro de ser, aprendi também a amá-la.

Depois de tantos anos juntos, guerras e perseguições implacáveis enfrentadas, a minha valentia era renovada e acalmada após uma boa noite nos braços da minha Maria. Bonita!? Acho que chamá-la de bonita é pouco, pois o “bonita” diminui a beleza interior... As minhas feiuras interna e externa acabaram fortalecendo a sua beleza interior... Mas é assim que vou chamá-la.

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Ah, Maria Bonita que competência! Só você conseguiu ascender aquele velho lampião do cangaço...

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Bahia/2014

Disponível: http://toquepoetico.wordpress.com/2014/06/25/maria-bonita-conto/

Elisabeth Amorim
Enviado por Elisabeth Amorim em 05/07/2014
Código do texto: T4870850
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