A vontade de escrever (continuação)

Então aproveitei que ela estava sentada na sua habitual cadeira na sua varanda e aproximei, queria continuar a escrever sua biografia... no trajeto até chegar perto de minha mãe era poucos metros, mas nas minhas reflexões pude raciocinar muitas coisas referentes à vida, pensei: na verdade a nosso dispor existem pessoas que podem ser referência para nós, no meu caso era a minha mãe e minha esposa, estas pessoas realmente possuíam uma fé pode se dizer inabalável. Apesar de que minha mãe fosse católica fervorosa e minha esposa evangélica, cada uma com suas convicções, mas a fé no sobrenatural elas eram autênticas. As experiências que eu tinha com as duas podia concluir que realmente existem muitas coisas entre o Céu e a terra como pode supor nossa vã sabedoria. E em poucos segundos pude pensar nestas coisas todas porque havia chegado perto de minha mãe, a carismática, sra. Maria Vitória, aquela que com mais de noventa anos, lúcida e que fora durante mais de 60 anos uma catequista nata, os muitos ex-alunos hoje já são pais, avôs, bisavôs são testemunhas vivas do quanto ela era dedicada no ensino religioso.

Fui logo entrando no assunto:

--- Então mãe, vamos continuar com as histórias, pode até ser relatos sobre almas do outro mundo!

Pra que eu fui falar assim, minha mãe que era de uma franqueza peculiar me perguntou:

--- Lourenço, faz quanto tempo que você não confessa, ou pelo menos qual foi a última vez que foi à missa?

--- Espera aí, mãe.

--- Espera aí não, há meu filho eu ficaria mais tranquila se pelo menos seguisse a religião de sua esposa que sei que está no bom caminho. Já que não segue a tua religião, Não fique em cima do muro!!!

--- Mas mãe, em cima do muro pelo menos pode ver dos dois lados...

--- Há! Deixa pra lá com você não tem jeito mesmo.

Eu ia completar, explicar para a polêmica mãe Maria Vitória que eu se fosse obrigado a escolher uma religião, apesar de não seguir a religião católica com todas as letras eu ia optar seguir esta religião na qual nasci nela, mas não quer dizer que seja contra qualquer outra religião. Estava pronto até dar um exemplo de se um dia entrasse numa igreja se o ministrante falasse mal de outras religiões sairia dali indignado. Mas não adiantaria expor os meus prós e contras, seria mais puxões de orelhas que levaria da minha mãe. Então dei um jeito de mudar o rumo da prosa e fui logo dizendo:

--- Quero saber daquele caso que a senhora tentou argumentar com o homem que não acreditava em Deus. Se eu não estiver enganado foi uma luta danada. Notei contentamento incrível no semblante de minha mãe, porque contar histórias principalmente o seu passado ainda mais do sobrenatural, era com ela mesma. Então ela começou com todo seu entusiasmo:

--- Há! Na verdade não foi brincadeira, não vou me vangloriar de que eu fui isto, mais aquilo, é o que sempre falo meu filho, nesta vida se tivermos fé podemos conseguir até mesmo o impossível. E você nunca esqueça de que nós não estamos neste mundo por acaso.

Na hora que ela falou, que não estamos neste mundo por acaso, tive um calafrio, pois era o que de vez em quando eu pensava. E a contadora de história continuava sua narrativa:

--- Aquele homem (não convém citar o nome) que não acreditava em Deus era terrível, alguns que se dizem ateus até que às vezes não querem o mal do outro, mas o (...................) dava até medo. Eu era muito amiga da esposa dele, ela ao contrário era muito religiosa, era até uma de minhas companheiras fiéis do apostolado. Um dia ela em conversa comigo desabafa:

--- Dona Maria, queria tanto que meu marido não blasfemasse, nem precisava que ele frequentasse a igreja, mas minha maior vontade era que acreditasse em Deus, na vinda de Jesus a este mundo.

--- Eu lhe falei, mas então é só você rezar bastante para que ele creia.

--- Não está fácil, lá em casa as coisas estão ficando muito feias, ele está muito doente e cada vez que falo em Deus ele só falta me bater. Será que a senhora poderia ir lá em casa e pelo menos tentar dizer-lhe que nós sem a proteção de Nosso Senhor não somos nada?

--- Então vamos fazer o seguinte: amanhã sem falta irei na sua casa.